O SEQUESTRO
13 de Janeiro de 2023
[...]
— Eu sequestrei-lhe ontem à noite.
— Põe-se a sacudir, já!
— Ficámos bastante amigos, eu e ela.
— Sim. Agora, é melhor sumir, maldito!
Um pai, com um substantivo inadequado entre a filha, ou melhor dizendo, sangue sequestrado... De tanta perturbação através da sua refeição, álcool, apaga a esposa, os gémeos e vende a filha mais velha por uma moeda suja e pobre. Um milhão de milhos é dito que a vida é estranha, mas o mais estranho é o homem. O olhar molha a vida e a dor cava buracos no coração.
— Eu batia-lhes muito.
— Por que fazia aquilo?
— Vejo-as todas as noites.
— Cuida-te, amor. Cuidem-se, filhos. Perdão!
Será que o perdão é como sabão, que lava a louça sem oração? Há de existir chances para o pai? O destino, literalmente é escrito, mas ninguém deve usar borracha na vida alheia. O pai, ruim e alcoólatra, tinha de refazer e reconstruir a sua vida. Então, antes de se devorar, decidiu apreender o bandido e voar em paz, mas com um pedaço pecaminoso.
— Polícias? Não! Não! Não!
— Socorro!
— Por aqui, menina. Viemos salvar-te. Como te chamas?
— Kasinda. Onde está o meu pai?
[...]
13 de Outubro de 2023
Luanda, 11 de Fevereiro de 2024