Lenda marítima constatada

As mãos ásperas e robustas daqueles marinheiros agiam sempre incessantemente; o intuito era de fazer a grande embarcação navegar segura e rapidamente.

Sem exceção, todos a bordo possuíam especificamente uma determinada função; não havia morosidade para ninguém, incluindo até mesmo o intrépido capitão.

Gostava de ser exemplo para os seus, era um líder nato de extrema experiência; e, desse modo, conseguia gerir seu grupo de homens com sua competência.

Nenhum daqueles homens poderia pensar jamais em algum aspecto falhar; afinal, se algo desse errado representaria o final, por estarem em alto mar.

Era a expansão marítima, e os trajetos quase sempre eram desconhecidos dos que a bordo estavam; e, sendo assim, os cuidados eram extremos com as inóspitas águas que navegavam.

Naqueles tempos antigos, naufragar em mar adentro era um inevitável sinônimo de morte; mas além de marinheiros desbravadores e competentes, eles também tinham sorte.

Assim dizia um ancião da região daqueles marinheiros, que era sábio e clarividente; mas nem sempre o levavam a sério, mesmo que o consultassem constantemente.

Ele dizia para os marinheiros não se preocuparem apenas com tempestades e ondas fortes; mas que também tomassem cuidado com os seres encantadores do mar que causavam mortes.

O ancião dizia que eram seres belíssimos, de canto doce, que viviam no fundo do mar; e que emergiam, conseguindo hipnotizar marinheiros, os fazendo do navio pular.

O capitão era descrente dessa história, pois, era uma 'raposa do mar' e nunca havia visto nada; afinal, seria difícil aquele homem rude crer em algo que jamais se deparou em sua jornada.

Nessa história contada pelo ancião, alguns dos seus homens, com muito temor, acreditavam; mas mesmo com todo o receio e medo que possuíam, ainda assim se arriscavam.

O mar não estava tão revolto naquela vez, o que ainda assim não os tirava da habitual seriedade; e apenas descansavam quando as águas pareciam emanar verdadeira tranquilidade.

E num momento de marasmo, se atentaram para um som que chegou de modo sutil; curiosos, tentavam localizar a origem do som, ainda que ele não fosse hostil.

Pelo contrário, era uma agradável melodia que em poucos segundos os causou encanto; e os marinheiros se posicionaram na beirada do navio, para apreciar melhor aquele canto.

Todos eles apreciavam a sutileza daquela perfeição lírica que seus tímpanos captavam; não tinham mais controle de si mesmos, e ao domínio das donas do canto já estavam.

Elas, seres femininos belíssimos, se mostraram, emergindo das águas que pareciam sem vida; aumentando mais ainda o transe dos marinheiros, que já tinham a própria sorte definida.

A descomunal beleza física e vocal daqueles seres fez com que, um a um, pulassem no mar; aparentavam desespero, numa tentativa paranoica de conseguir perto delas chegar.

Mais resistente, o capitão lutava contra o domínio hipnótico que aumentava cada vez mais; "não é possível isso estar acontecendo, será que esses seres são mesmo reais?".

O capitão foi valente em resistir ao canto, mas também acabou por se jogar; se perdendo, assim como os outros, nas escuras e gélidas águas do mar; evidenciando que o ancião estava certo quando, sobre esses seres, insistia tanto em alertar.

Muitos ainda insistirão na descrença, alegando que tudo não passa apenas de uma 'lenda marítima'; porém, mais um grupo de marinheiros pôde constatar, também com a própria vida, que a lenda é legítima.

Edu Sene
Enviado por Edu Sene em 03/02/2024
Código do texto: T7991581
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