‘Irmão Ariovaldo’ era daqueles crentes fervorosos, para não dizer ‘fanáticos’ ou doentes na fé mesmo! Expulso de sua décima congregação devido a esse seu ‘extremismo’, ele tem o que julga a genial ideia de levantar um ‘templo’ no fundo de seu quintal. Ele se reúne com mais três amigos também ex-obreiros de sua antiga congregação, e assim forma o que chama: ‘Apostolado Dos Guerreiros de Nosso Senhor’. Uma igrejinha muito improvisada num ‘puxadinho’ feito em sua casa cujos bancos eram formados por ‘cadeiras de bar’ alugadas, e ele mesmo, o próprio Ariovaldo, sem qualquer estudo, formação ou especialização para tal, se nomeava ‘pastor’ ou ‘Pastor Ariovaldo’ como a partir daí ‘exigia’ ser chamado por seu rebanho formado por aquelas pobres pessoas persuadidas e praticamente ‘arrancadas’ de sua última congregação. A pregação de ‘Pastor Ariovaldo’ era forte, e chegava até a ser ‘gutural’ em seu ‘fundamentalismo pirotécnico’ e praticamente ensandecido. Ele não se importava nem mesmo com seus vizinho que já reclamavam do barulho que sua ‘fé’ produzia. E em toda sua loucura, o mesmo acaba resolvendo dar início a uma verdadeira ‘cruzada’ contra o que o seu extremismo também julgava como as ‘falsas religiões’. E quando sua cruzada se inicia, seu primeiro alvo são os espíritas ou as religiões de matriz africana as quais ele não perdoava e não tinha uma pregação em que ele não falasse mal de uma prática ou uma entidade ou outra de tais determinações. O louco Ariovaldo, que se dizia ‘pastor’, conclama todo o seu rebanho a sair por aí e chutar, desmanchar e destruir tudo que fosse o que ele chamava de ‘despacho’, ‘trabalho’ ou seja, os ebós, as ‘obrigações’ que aqueles religiosos assim como ele deixava nas encruzilhadas e esquinas, mas que para o mesmo era como uma afronta a seu ‘deus vivo’ e que deveria ser literalmente ‘varrido’ da sua frente e da frente de seus ‘irmãos’. E assim fazendo, cada irmão seguia até aquele púlpito improvisado e dava seu testemunho sobre o que fez quando encontrou o que eles chamavam de ‘macumba’ em seus caminhos. ‘Pastor Ariovaldo’ vibra, dá ‘glória’, ‘fala em línguas’, dá pulinhos e até giros com aquele microfone numa das mãos. Mas para o seu fundamentalismo ou loucura ainda era pouco! E nisso, ele resolve com seus três obreiros fazer um grande desafio a quem ele chamava de ‘capiroto’. ‘Pastor Ariovaldo’ resolve numa madrugada invadir o terreiro de Pai Jorge de Ogum, um conhecido pai de santo da região, mas que para ‘Pastor Ariovaldo’ era um arqui-inimigo de sua fé. E com sua gravata torta, seu bastão de baseball e sua pequena horda de fanáticos, ‘Pastor Ariovaldo’ seguia noite afora chutando e destruindo mais ‘despachos’ que encontrava pelo caminho até chegar ao terreiro de Pai Jorge. E quando finalmente chegam, pulando o muro, ao arrombarem a porta do barracão, a destruição se inicia. Tudo o que era imagem, travessas, artigos, símbolos fora impiedosamente destroçado pela sanha daqueles fanáticos que para completar até mesmo saques faziam quando encontravam alguma coisa que pudesse ser de valor no meio de todo aquele panteão. Pai Jorge estava dormindo em sua casa numa outra banda daquele quintal, mas se o mesmo acordasse, pela loucura de ‘Pastor Ariovaldo’ e os demais, não custaria muito para eles agredi-lo com aqueles bastões e pedações de pau. – E aí, seu ‘Tranca Alma do inferno’...vem fazer alguma coisa...?! – Olha só o que o poder do meu deus tá fazendo com sua tenda imunda, capiroto...ha ha ha! Debochava ‘Pastor Ariovaldo’ enquanto acabava de quebrar a imagem da própria entidade que desafiava. E quando todos já estão satisfeitos ao ver que não havia mais nada a ser quebrado naquele barracão, estes resolvem sair dali. Mas ao seguirem até a porta, para a surpresa de todos, a mesma se encontrava ‘trancada’. – ‘Como assim’...?! Eles haviam arrombado o trinco daquela porta... Ariovaldo estranha, mas tenta com toda sua força abri-la para o grupo poder fugir daquele barracão. Um misterioso cheiro de charuto tomava conta o ambiente, e o desespero daqueles fanáticos também. Isso acaba despertando a vizinhança e o próprio Pai Jorge. E quando a polícia(acionada) chega é que finalmente aquela porta se abre. ‘Pastor Ariovaldo’ e seus fanáticos vão para a caçamba de um camburão enquanto diante do prejuízo Pai Jorge era consolado pelos vizinhos. E naquela caçamba, também estava um homem misterioso, encolhido num canto trajando o que pareciam ser uma cartola e uma capa ambas de cor preta. ‘Ele poderia ser mais um preso que estava ali’, mas no meio do caminho o tal sujeito resolve se manifestar. O mesmo então sai daquele canto e de forma ameaçadora abre sua capa, gargalha e segue na direção de Ariovaldo e os demais, que se desesperam. O camburão parece enguiçar exatamente numa encruzilhada, os policiais notam o alvoroço na caçamba, e quando param, ao abrirem aquela, se assustam quando veem apenas os corpos de ‘Pastor Ariovaldo’ e seus obreiros sem vida completamente pálidos como se suas almas fossem ‘arrancadas’ e já começando a se decompor. – O que será que houve ali dentro?! Os policiais se perguntavam. Aquela mesma gargalhada é ouvida naquele ermo local, os policiais chegam a sacar suas armas, mas não encontrando ninguém por perto, eles que também são humanos quando conseguem fazer o veículo ‘pegar’, saem dali com medo e com aquela caçamba cheia de cadáveres deixando para atrás uma vela que estava numa calçada, que fora apagada por um daqueles fanáticos quando estes passaram por ali mais cedo, e que estranhamente acendera sozinha naquele momento. 🎩

 

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