A Dança das Sombras
Naquela manhã, o sol nasceu de uma forma peculiar, lançando sombras nunca antes vistas sobre a cidade. As luzes do sol irradiavam entre os prédios e as telhas das casas. Em uma janela, o sol atravessou com tudo, atropelando a tudo e a todos. Uma menina chamada Sofia acompanhava curiosa o movimento das sombras que penetravam em seu quarto. Tudo começou quando uma fresta de luz, que dançava misteriosamente no chão do quarto, conquistava cada espaço entre quatro paredes trazendo os primeiros momentos da manhã.
A fresta de luz, inicialmente tímida, foi crescendo gradualmente, espalhando-se pelas paredes e iluminando o quarto de Sofia de uma maneira deslumbrante. A menina, fascinada pelo espetáculo de luzes e sombras, estendeu seus braços ao sol, deixando que seus dedos acariciassem a luminosidade que dançava ao redor dela.
À medida que a luz aumentava, parecia que o quarto ganhava vida. Os móveis ganhavam contornos brilhantes, enquanto as cortinas se moviam suavemente com a brisa. Sofia, sentindo-se cada vez mais envolvida pela mágica do momento, começou a rodopiar, seus cabelos acompanhando o movimento dos raios de sol que a envolviam. A sua própria sombra que se projetava no espetáculo do momento parecia criar independência, e ela observava em um êxtase que ela nunca sentira antes.
Tal espetáculo de luzes e sombras parecia ganhar vida própria, respondendo aos gestos graciosos de Sofia. O chão brilhava sob seus pés enquanto ela traçava um caminho entre as sombras dançantes, seu sorriso refletindo a pureza e alegria daquele momento único.
Porém, conforme o sol atingia seu auge, a atmosfera no quarto começou a mudar. A luz, antes vibrante e dourada, foi gradativamente substituída por tons mais sombrios. A alegre dança das sombras adquiriu um ar misterioso, e Sofia, agora imersa em meio a um labirinto de luzes e escuridão, sentiu seu coração acelerar. Cadê aquelas luzes que antes se agitavam solícitas em sua volta, enquanto ela acariciava o ar, agitando-se toda?
A menina seguiu o caminho sinuoso das sombras, explorando cada canto do seu quarto enquanto tentava desvendar o enigma que aquele fenômeno representava. Seus passos cuidadosos ecoavam, ecoavam... até que, de repente, as luzes desapareceram abruptamente. O quarto voltou à sua escuridão habitual de todo o dia, como se nada tivesse acontecido.
Sofia, confusa e maravilhada, ficou ali no meio do quarto, tentando compreender o que acabara de vivenciar. O mistério permanecia, e ela não tinha respostas. O que tinha acontecido? Por que a dança de luzes e sombras tinha desaparecido tão subitamente?
Na normalidade do quarto, Sofia buscou pistas, mas nada encontrou. O enigma parecia insolúvel, deixando-a pensativa e cheia de curiosidade. No entanto, ela sabia que, de alguma forma, a dança das sombras e a luz peculiar lhe tinham ensinado algo importante que ela voltaria a aprender no dia seguinte. Talvez o tempo ditasse a nossa vida, e talvez o tempo fosse ditado pelo dia, e pela noite. Talvez a vida fosse tão habitual e peculiar, quando a dança que acabara de presenciar. Será a vida uma dança, que ora nos levasse e ora fosse levada? Que música será a vida dela? Que tom será preponderante? Em meio a tantas perguntas, Sofia adormeceu certa de que respostas viriam juntas às primeiras luzes da manhã.