O Lago

Era o final da tarde de um dia chuvoso e Beto estava bebendo sua quinta xícara, sentado em uma pequena cafeteria, a única construção que se erguia ao lado do grande lago de águas escuras, rodeado por grandes árvores e algumas clareias que chegavam a dar acesso ao lago. A três anos havia viajado com seu sobrinho para aquela pequena cidade turística e lá ele desapareceu.

Beto se afundou em culpa e desespero durante os anos seguintes, todos de sua família haviam lhe virado as costas e o culpavam pelo desaparecimento do menino. Até que uma semana atrás ele recebeu uma ligação que lançou um feixe luz ao fundo do poço em que ele se encontrava. A mulher dizia para que ele a encontrasse ali naquela cafeteria dentro de uma semana e ela iria não só contar, mas também mostrar o que teria acontecido com seu sobrinho.

Agarrado aquele pequeno fio de esperança e por mais que ninguém tenha acreditado nele. Partiu sozinho e estava lá no horário combinado, mas ninguém apareceu até que um carro da polícia civil parou ao lado de fora do estabelecimento. Uma policial saiu do veículo, caminhou até a estrada feita de paralelepípedos que contornava o lago e virou-se encarando Beto que sentava ao lado de uma janela ao qual dava visão para uma parcela do lago e seus entornos. O único pensamento que veio em sua cabeça era de que só poderia ser aquela mulher, então pediu a conta para garçonete e seguiu a rapidamente para o local aonde a policial estava.

Ao chegar perto dela e antes que pudesse iniciar um longo interrogatório com perguntas que o deixavam louco durante toda uma semana, ela esticou o dedo em riste e o pós no lábio.

Silêncio.

Mesmo sem dizer uma palavra a policial exalava autoridade.

- Já são quase 19h, eu estou atrasada, me siga e não diga ou pergunte nada, se não, nunca terá a resposta que procura.

Mesmo contrariado com aquela situação. Beto fez o que ela mandou e a seguiu pela estrada, por dez minutos caminhou sem dizer nada, contornando lago até um ponto fora de vista a não ser caso alguém viesse por algum dos lados da estrada. A policial fez sinal para que ele parasse e os dois se esconderam atrás do tronco de uma árvore. Na outra ponta da estrada vinha um homem de terno preto. Beto então entendeu estavam ali para espionar o senhor, que a pouco metros deles se dirigiu a uma das clareiras e chegou a borda do lago dizendo.

- Oh senhor do lago obrigado por nos abençoar! Mais um ano tivemos alta no turismo da cidade e em sua homenagem eu lhe apresento o meu sacrifício.

Assim que o homem fechou a boca um redemoinho se iniciou no lago próximo ao homem.

A policial então disse ao ouvido de Beto.

- Foi isso que aconteceu com seu sobrinho e agora vai acontecer com você.