UM PASSEIO DO MÊDO
Era uma noite escura e enevoada, com a lua encoberta pelas densas nuvens que pairavam no céu. Jonathan, Maristela e Alex estavam sentados no sofá da sala, discutindo sobre o que fazer para animar a noite. Os três amigos sentiam um frio percorrer suas espinhas quando, de repente, a sugestão de visitar o cemitério à noite surgiu como um sussurro arrepiante.
"Vocês estão loucos?", disse Maristela, olhando com descrença para seus amigos. "Ir ao cemitério à noite? Isso não parece uma boa ideia."
"Eu concordo," acrescentou Alex, engolindo em seco. "Lendas e histórias assustadoras cercam aquele lugar. Pode ser perigoso."
Jonathan, por outro lado, sempre foi o mais ousado do grupo e, apesar de sentir uma pontada de medo, estava determinado a provar sua coragem. "Gente, vocês têm medo de contos de mistério, mas estamos falando da vida real! Vamos lá, vamos mostrar que somos corajosos. Será divertido!"
Após muita discussão, a curiosidade falou mais alto, e os três amigos concordaram em visitar o cemitério naquela noite sombria. Empacotaram lanternas, um termo de coragem e um pouco de humor para aliviar o medo. Assim que saíram de casa, o vento uivante sussurrava e parecia guiar seus passos na direção do cemitério.
Enquanto caminhavam, os galhos das árvores estalavam como se sussurrassem, alertando-os para voltarem atrás. Mas eles continuaram firmes, alimentando a ideia de que estavam apenas brincando com lendas urbanas e histórias assustadoras.
Ao chegarem ao cemitério, uma aura sombria envolvia o lugar, e a sensação de estar sendo observado os deixava arrepiados. As lápides eram iluminadas apenas pelas lanternas que eles seguravam, lançando sombras fantasmagóricas nos túmulos.
"Isso é tão assustador," sussurrou Maristela, agarrando-se ao braço de Alex.
"Relaxem, é apenas um cemitério," disse Jonathan, tentando soar corajoso.
Enquanto exploravam, de repente, uma das lanternas vacilou, quase se apagando. Um calafrio percorreu a espinha de todos, e o coração de Maristela começou a bater descontroladamente.
"Isso não é engraçado, Jonathan," ela o repreendeu.
"Eu não fiz nada," respondeu ele, também começando a ficar nervoso.
De repente, um ruído estranho ecoou por entre as lápides. Todos se entreolharam, e o medo tomou conta deles. O som se aproximava, e seus corações palpitavam ainda mais forte.
"Vamos sair daqui!", exclamou Alex, virando-se para a direção da saída.
Enquanto corriam, as árvores pareciam mover-se ao redor deles, e as sombras dançavam ao luar. Eles conseguiram chegar ao portão do cemitério e se acharam sobreviventes daquela aventura.
Dali em diante, eles nunca mais duvidaram do poder das lendas e da sabedoria popular. Respeitaram a noite e seus mistérios, mas a aventura os ensinou que, às vezes, enfrentar seus medos pode levar a amizades ainda mais fortes e preciosas. Eles nunca esqueceriam aquela noite e as emoções que ela trouxe. Afinal, as histórias mais memoráveis nascem dos momentos em que enfrentamos nossos maiores temores e descobrimos a verdade que no cemitério tudo parece assustador, mas não existe perigo, pois ele existe na nossa vida.
Neri Satter – Agosto de 2023