O Intruso no espelho
Era uma noite sombria, uma figura pequena e veloz percorria silenciosamente a casa. Um rato, faminto e ousado, encontrou seu caminho até a cozinha, onde descobriu um festim inesperado. Sua vítima, um homem solitário, dormia profundamente, alheio ao perigo que se aproximava.
Com seus dentes afiados, o rato não teve piedade. Em um ataque furtivo, devorou o rosto do homem e algo extraordinário aconteceu. No exato momento em que o rato se deliciava com tal feito, um fenômeno inexplicável ocorreu — o buraco vazio no lugar do rosto começou a mudar e se contorcer, transformando-se lentamente em um rosto de rato! A criatura assumiu a identidade do homem, de forma tão natural como acender um cigarro após tomar um copo de café.
O rato metamorfoseado em um corpo humano experimentava o mundo por meio de uma perspectiva totalmente nova. Para sua surpresa, ninguém percebeu o que aconteceu. Os colegas de trabalho, a família e os amigos do homem continuaram suas vidas normalmente, sem suspeitar da terrível transformação que havia ocorrido. O rato assumiu sua identidade com perfeição, e todos eram enganados pela farsa assombrosa.
Sentia as emoções humanas, compreendia suas interações sociais e até mesmo expressava amor por sua família, algo que nunca havia experimentado como um simples roedor.
Enquanto a criatura assumia o controle da vida do homem, as linhas entre a realidade e a ilusão começaram a se confundir. Ele não sabia mais onde terminava o rato e onde começava o homem, e a identidade distorcida o levava a questionar sua existência.
O tempo passava e a criatura mantinha a farsa com maestria. Enquanto isso, um sentimento de inquietação crescia em seu interior. Questionava constantemente o que era real e o que era ilusão. A dualidade de sua existência o levava a mergulhar nas profundezas de si, não se distinguia mais os limites entre o rato e o homem. Tornaram-se indistintos.