UMA NOITE SOMBRIA

Era uma noite sombria quando você se encontrou preso em um quarto desconhecido. A cama de ferro em que estava deitado parecia fria e desconfortável, mas era o menor dos seus problemas naquele momento. Seu irmão dormia em um quarto adjacente, alheio à sua angústia.

Quando você finalmente despertou, a escuridão engoliu o ambiente ao seu redor. O pânico se apossou de você, pois uma fobia pela escuridão o assombrava desde a infância. Seus olhos vasculharam a escuridão, buscando uma solução para a sua aflição. Foi então que você notou um interruptor na parede, próximo aos pés da cama.

Com uma mistura de alívio e esperança, você esticou os pés em direção ao interruptor, desejando fervorosamente que a luz iluminasse o quarto e dissipasse seus medos. No entanto, ao pressionar o interruptor com os pés, nada aconteceu. O desespero tomou conta de você, como se algo além da escuridão tivesse o paralisado.

Sob o domínio do medo crescente, você começou a gritar, clamando por seu irmão na esperança de que ele ouvisse e viesse em seu socorro. A angústia pulsava dentro de você, alimentada pela incerteza do que se escondia naquela escuridão aparentemente interminável.

Então, como uma resposta inesperada ao seu chamado desesperado, uma mão suave e feminina pousou em seu ombro. Sua voz ecoou em seus ouvidos, sussurrando: "Acorde, acorde...

Enquanto se recompunha, você percebeu que estava de volta ao conforto do seu próprio quarto, banhado pela luz suave da manhã. Seu corpo tremia de alívio ao constatar que tudo não passara de um sonho assustador, alimentado pelos medos e fobias que o atormentavam.

Mas, naquele momento, você se perguntou: quem era a figura misteriosa que o havia acordado no sonho? Seria apenas uma criação de sua mente, mas totalmente acordado viu que era a sua esposa.

Enquanto o sol atravessava as cortinas do seu quarto, dissipando as últimas sombras do pesadelo, você se sentou na cama, inspirando profundamente e prometendo a si mesmo que enfrentaria seus medos, tanto no mundo dos sonhos quanto na vida real. Afinal, era assim que os mistérios eram desvendados e a coragem era forjada.

Neri Satter – junho de 2023 - CONTOS DO SCARAMOUCHE