E AGORA?

Naquele preciso instante, com tanto sangue no chão, nas paredes e no teto, tudo que eu mais queria era chorar. Porque não conseguia entender nem aceitar ou captar o sentido daquilo. Mesmo não aspirando demonstrar, passar ou sentir nenhuma emoção, não segurei, impossível isso, não pude conter as lágrimas; elas ansiavam fluir e por isso dominavam minha vontade.

O que realmente aconteceu naquela alcova ocupada por um casal que se amava tanto? Quem assassinou quem e depois se matou e por quê? Foi ele, foi ela? Algum estranho? Acha-los ensanguentados após chama-los e bater na porta do quarto sem ouvir resposta foi um grande e assustador choque. Meus amigos Alfredo e sua linda esposa Lucy, que me haviam hospedado dois dias atrás em sua bela casa, agora jaziam mortos na própria cama. E só havia nós três na residência! Se pensassem que fui eu?

Por isso ainda não chamei a polícia. Vão fazer muitas perguntas, jogar verde procurando colher maduro, serei considerado o primeiro e único suspeito. Ah, isso me incomoda. Por essa razão e também pelo macabro acontecimento choro, mesmo tentando segurar o estravasamento. Vão pensar que fui eu! O que faço? Continuo chorando, vou embora de mansinho ou chamo a polícia? As lágrimas não me permitem pensar, o medo de ser preso por algo que não fiz me atormenta, o banho de sangue é alarmante. E agora?

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 18/06/2023
Código do texto: T7816930
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