" NOTURNO NÚMERO DOIS "

O homem ouvia os sons maviosos e ternos do clássico de Chopin enquanto corria procurando lugares onde pudesse se esconder e se abrigar. Ele escutava gritos de dor vindo de todos os lados, via corpos sendo lançados para o alto e para os lados aos clamores, e logo braços e pernas quebrados, retorcidos, alguns estraçalhados jorravam o líquido viscoso avermelhado da vida. Mortes ocorreram instantâneamente ao lado das dezenas de feridos, no chão se avistava o amontoado de pessoas mortas ou buscando sobreviver a qualquer custo. Dominadas pelo pavor.

A van dirigida pelo assassino não escolhia vítimas, todos serviam, queria apenas matar e quantos mais melhor, de modo que atropelava todos que estivessem em seu campo de visão, quando não procurava no seu caminho macabro os grupos dos muitos em fuga de sua sanha com vistas a abater o maior número possível de inocentes desprevenidos.

O veículo criminoso e seu motorista monstro iniciou o ataque ao final da tarde, numa rua calma onde havia grande quantidade de lojas, bares, restaurantes, farmácias etc, quando enorme multidão circulava no local pelos mais diversos e usuais motivos. Naquela hora, como todos os dias, o restaurante mais chique do ambiente tocava em seu interior e espalhava o som através dum alto falante a obra Noturno Número Dois, de Chopin.

O homem que esbaforia na carreira em ziguezague para fugir e não ser atingido não logrou seu intento, foi abalrroado no ombro esquerdo após saltar sobre dois cadáveres, desabando para o lado com ferida exposta. Não foi pego em cheio porque alguém jogou uma cadeira no motorista matador, desviando dele a atenção. Nesse exato instante, dois seguranças do restaurante de onde saíam os acordes melódicos de Chopin abriram fogo contra o endiabrado assassino, acertando e despedaçando a cabeça dele. O veículo desgovernado subiu a calçada baixa de uma farmácia e esbarrou no tronco grosso de uma árvore. A mesma mente maligna que matou tanta gente por perversidade recebeu em si a volta dos males praticados. Quando a polícia assumiu o controle da situação contou os mortos e chamou todas as ambulâncias disponíveis da região.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 09/05/2023
Reeditado em 10/05/2023
Código do texto: T7784207
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