EU VI OS LÍRIOS DO CAMPO

E tudo em volta de mim perdeu qualquer importância, deixou de existir, não passava de névoa evaporando. Porque ao vislumbrar os lírios do campo os meus olhos, alucinados de êxtase, dançaram como se bailassem numa valsa de Strauss. Belos, simétricos e envolventes, eles como que sussurravam alguma coisa ao mesmo tempo belo e ininteligível, mas que tocava gentilmente todos os pontos do meu coração.

Lá estavam eles, os lírios do campo, vívidos como borboletas fluindo dos casulos e voando felizes para a festa nas flores. Grandiosa festa para meu olhar. E enquanto me esvoaçavam as pupilas desvairadas de encanto ante a linda visão do lírico campo, parecia que a terra em cujo ventre eles se encontravam ondulava num doce vai e vem de ópera. Havia harmonia, ternura e doçura entre os lírios. A beleza que deles emanava, é indubitável, destacava haver ali uma mão certamente oriunda do céu cuidando deles. A mão que trazia chuva, regava-os e lhes afagava as pétalas.

Tudo que eu conseguia naquele momento mágico, quase em transe, era apenas olhar enternecido os lírios do campo, atendendo ao conselho de Érico Veríssimo e percebendo que deveras valia a pena sentar hipnotizado e admirado deixando-me levar pelos sonhos. Então compreendi o verdadeiro motivo de os lírios serem citados tantas vezes em frases nascidas do recondito da alma dos românticos, dos poetas e dos enamorados.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 08/05/2023
Reeditado em 08/05/2023
Código do texto: T7783299
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