E SE APAGA, E DESFALECE, E MORRE
Em alguns dias, esse estranho fenômeno acontece e sobremaneira me surpreende, como se de mim tomasse de conta uma inesperada e triste apatia. Aquela lassidão desconfortável que amarra os sonhos e algema o impulso criativo, a penumbra do imponderável abraçando meu ser e esmagando a fantástica viagem através do mundo da fantasia que tanto amo realizar.
Então a inspiração foge de mim correndo, a imaginação desaparece à modo um passe de mágica e morre-me no coração o desejo de escrever. Entristeço acabrunhado, sem rumo, desconexo, desnorteado.Exatamente como hoje. Nada comove minha alma de escritor e poeta, as frases não se formam, não consigo contextualizar coisa nenhuma com nada.
Em algum momento começo, no entanto não termino, em seguida pondero algo razoável, vem-me a impressão de explodir subitamente um pensamento brilhante e tento concatenar algum tema interessante mas vislumbro o vazio. A mente, talvez cansada, hesita criar a primeira oração, evita manipular os dedos no teclado do computador. Porque receia ficar apenas no princípio ou no meio do caminho. Dói desabar nos primeiros passos da jornada. Daí, temerosa, recua e estaciona. A exemplo de agora neste texto em que meu eu se arrasta no arenoso chão da escuridão intelectual. E desfalece, e se apaga, e se esfarela, e se transforma em nada.