A VIAGEM NO TEMPO

Afirmo com todas as letras que viajar no tempo, tanto para o passado quanto para o futuro, não importa a ordem desses fatores, é absolutamente impossível! Desafio quem puder provar o contrário. Por que sou tão taxativo quanto a esse assunto? Temos que entender em primeiro lugar que o tempo assemelha-se a uma folha de papel onde tudo já foi escrito, não há espaço para nem mesmo um pingo num " i " escrito sem ele; o que passou, o ontem, foi completamente fechado e trancado na absoluta escuridão das lembranças. Tudo que deixou de ser feito, as coisas incompletas, os beijos e abraços nunca dados, o " eu te amo! " que ficou para depois, os sonhos não realizados, nada disso poderá ser reparado, refeito ou completado. Posso garantir sem nenhuma sombra de dúvidas que tudo que foi de ontem para outrora morreu definitivamente virou o pó do nunca mais. O portal do passado está vedado para sempre até o infinito. Voltar para ele jamais terá como nem hoje nem em tempo algum do presente ou do futuro. Todo passado se tornou apenas história.

Da mesma forma o futuro, a folha em branco onde provavelmente escreveremos nosso passado, e digo provavelmente porque amanhã nem todos estaremos aqui, é a incógnita, o portal que somente abre depois das vinte e quatro horas do dia em que vivemos. A Lei da Relatividade supõe a possibilidade de um corpo viajar a uma velocidade tamanha que o fará quase imune às rugas do tempo. É isso que chamam viajar para o futuro?

Não creio, pois no regresso desse corpo na mesma velocidade da ida, ele voltará ao passado depois de tantos quantos forem os anos por ele vividos na fictícia viagem e encontrará mudanças e velhices que ele jamais terá acompanhado ao lado dos entes queridos. Talvez muitos terão morrido, decerto muitos o esqueceram. Se isso for viajar ao futuro, prefiro não participar dessa aventura. Contudo, se o futuro fosse um país que pudesse ser visitado por alguns dias ou semanas, então a seguir regressassemos para o país do passado sem o problema de não envelhecer enquanto os demais que ficaram sofrem as agruras do tempo, seria o interessante.

Mas não é assim, porque o dia seguinte é algo desconhecido, do qual não temos nenhuma ideia e no qual apenas pensamos com planos e sonhos. Impossível chegar lá sem a maneira natural do lento passar das horas. Em conclusão, o passado morreu e o futuro ainda não nasceu.