O VENTO FRIO NOS OSSOS
E é mesmo! Principalmente depois de uma punhalada em pleno inverno e a vítima ter caído sangrando na sarjeta de uma rua deserta. Porque então acontece a união da dor agoniada com o enregelante sopro do vento constante e implacável.
O questionamento mais razoável, por óbvio, a partir do momento em que aquele homem foi atacado, é sobre quem praticou o crime. O que leva o ser humano a ser impiedoso o suficiente para enterrar na carne do oponente o afiado aço da arma branca, na intenção de mata-lo? Houve motivo, foi uma briga de inimigos de longa data, teria sido um assalto mal sucedido, algum deles xingou o desafeto ou até mesmo a sua genitora? São perguntas legítimas que permanecem no ar e se farão presentes ao longo de toda a investigação policial tão-logo o pobre coitado, com os ossos trespassados pela frieza do vento invernal, seja encontrado.
Enquanto isso não acontece, o fluxo sanguíneo vai minando as forças do feriado, o frio cortante colabora com seu sofrimento e ele, tentando esboçar gritos de socorro, procura se arrastar em qualquer direção onde possa separar com outro ser humano que tenha um coração bondoso e possa ajudá-lo a sair com vida daquela triste e dolorosa situação.