O TENEBROSO SEGREDO DO SR. ALLAN LEBLANC
O menino Allan Leblanc era membro de uma abastada família francesa que morava em Saint Tropez, sudeste da França, e que precisou ser internado devido a problemas psiquiátricos quando tinha apenas 11 anos. Ele dizia ver sombras, vultos e também ouvir vozes do além. Sua intenção era exterminar esses que denominava de "espíritos do mal". Passou algum tempo em tratamento em um sanatório, sem muita assistência moral dos pais, que preferiam correr mundo em viagens desnecessárias e onerosas, apesar de pagarem bem aos que cuidavam do menino, até que foi finalmente dado como praticamente recuperado, voltando para sua residência. Os pais o receberam com alegria, mas Allan se manteve sério, não dando sinais de esquisitice. Ficava boa parte do tempo encerrado em seu quarto concentrado em leituras as mais diversas, desde romances a histórias de ficção científica. Era mantido sob cuidados de um mordomo, especialmente contratado para essa finalidade, mas o menino não dava muita atenção a ele e muitas vezes o ignorava.
Alguns anos se passaram, Allan agora estava com 16 anos, sempre foi aquele jovem calado, de poucas palavras, até com os pais. O único irmão que tinha, bem mais velho que ele, estudava na Inglaterra e tinha 25 anos. O mordomo ainda estava no seu posto de "tomar conta" do agora um rapaz caladão, que ficava quase o tempo todo trancado no quarto. Certa tarde chamou o mordomo e pediu um lanche, queria dois sucos e dois sanduíches, estava com fome. Foi prontamente atendido, só que Allan exigiu que o mordomo lanchasse com ele. Meio sem jeito ele atendeu e ali ficou com o rapaz num papo que dificilmente acontecia. Depois do lanche disse ao mordomo que precisava sair e ganhou a rua sem dar ouvidos aos reclamos do mesmo. Algumas horas depois voltou e soube que o seu "cuidador" tinha passado mal e fôra sorrido. A noite já se adiantava quando a notícia da morte do mordomo chegou, foi um "Deus nos acuda". No dia seguinte houve o funeral e tudo permaneceu dentro da normalidade e Allan avisou aos pais que não precisava mais de ninguém para ficar no seu pé.
Quando Allan completou 22 anos o seu pai adoeceu e foi a óbito. Sua mãe ficou bastante abatida e em pouco tempo também partiu. Allan ficou só, apenas com a companhia de uma governanta que preparava a sua alimentação e arrumava a enorme casa. O irmão do rapaz que viera para o sepultamento do pai voltou para a Inglaterra e nem teve condiçoes de assistir ao da mãe por conta dos estudos. A governanta não durou muito e sumiu misteriosamente. Agora Allan era o único da família Leblanc que tomava conta da enorme residência.
Passaram-se alguns anos, o agora conhecido Sr. Allan Leblanc dominava a situação, era o dono absoluto da sua vida, seu próprio irmão o abandonara, avisou que ficaria lá pela Inglaterra mesmo, pois desposara uma jovem mulher rica e pretendia morar naquele país. A residência de Allan começou a sofrer deterioração, parecia mais uma casa mal assombrada, as pessoas começaram a tecer comentários a respeito do seu proprietário, mas ele pouco se lixava. Pouco saía e as pessoas que ali entravam ninguém via sair. Ele comprou um cão de guarda bastante agressivo para tomar conta de sua propriedade e ai de quem se aproximasse ou tentasse entrar sem autorização. O animal só obedecia as suas ordens, fôra bem treinado para essa finalidade.
Com mais de 40 anos de idade o Sr. Allan Leblanc namorou com uma jovem que conheceu em uma de suas andanças pelo centro de Saint Tropez, levou-a para a sua residência e depois ela não foi mais vista. Ao ser indagado simplesmente dizia que não foi o seu tipo e a abandonou. Conheceu outras mulheres que tiveram o mesmo destino da primeira, sumiram misteriosamente. O fato tornou-se curioso e cheio de mistério, o que fez chegar ao conhecimento das autoridades. Dois policiais foram até a residência do Sr. Allan para tomarem o seu depoimento. Algumas pessoas juraram que viram os homens da lei entrarem mas não os viram sair. Novos policiais foram até lá e foram cientificados de que os outros realmente o ouviram mas se retiraram em seguida, só que esses homens sumiram. Allan Leblanc foi convidado a prestar depoimento na própria delegacia e uma equipe foi determinada para fazer uma vistoria no imóvel, porém nada de anormal encontraram e ele foi liberado, não existia nenhuma prova que o incriminasse.
Mas as pessoas que residiam nas imediações ficaram desconfiadas, sabiam que os desaparecimentos tinham a ver com ele. Outros desaparecimentos foram do conhecimento geral, principalmente de mulheres e montaram uma cilada para o Sr. Allan Leblanc. Ficaram discretamente de vigília, viram as pessoas entrarem mas não viram sair. Notificaram as autoridades que já estavam de olho nele e adentraram o antigo imóvel, tendo que abater o cão de guarda que atacou os policiais quando da incursão. No interior do imóvel fizeram nova vistoria e mais uma vez não encontraram nada. Não se contentaram e continuaram investigando, procurando, até que encontram uma porta secreta por trás de uma estante. A mesma foi arrombada e lá encontraram uma sala com vários corpos posicionados em cadeiras, já secos, ao redor de uma enorme mesa, numa espécie de "reunião macabra". Vendo-se descoberto o Sr. Allan Leblanc tentou fugir, estando de posse de uma arma e atirando contra os policiais, que não tiveram outra alternativa senão revidar e eliminá-lo. Além do corpo da governanta ali estavam também os corpos de várias mulheres e de alguns homens.