AO CHEIRO DAS ÁGUAS

O cheiro das águas foi suficiente, mesmo tanto tempo depois de cortada e ressecada. Porque ela guardou a esperança, abraçou a fé e calmamente esperou. As intempéries balançaram suas emoções, abalaram e resolveram possíveis sonhos, mas ainda assim, abatida e quase morta, ou talvez moribunda, quiçá sem vida, sentiu o doce e fresco cheiro das águas puras. Odor que por ela se espalhou adentrando seu mais recondito núcleo e foi capaz de desperta-la.

Foi então que, como num piscar de olhos, a árvore se renovou sentindo o refrescante cheiro das águas. Suas raízes haviam envelhecido no seio da terra, estavam não mais viçosas, seu tronco perecera no chão seco, tudo dando profunda impressão de não existir mais qualquer possibilidade de renovação. No entanto, o impossível para olhos humanos é fácil e possível para Aquele cuja mão arquitetou a plenitude da natureza e a fez exuberante e fértil.

Então, milagre divino, ao cheiro das águas ela brotou e incessantemente seus rebentos fluíram, imediatamente deu ramos e mais ramos como somente a saudável planta nova consegue. Não importava quão velha se tornara sua raiz, ou que tivesse sido cortada, o tronco se mostrasse morto e sem qualquer probabilidade de renascer. O cheiro das águas bastou para revigora-la, renova-la, fazer nascer muitos e muitos ramos e rebentos como apenas a planta nova em seu apogeu pode e faz. Ao simples cheiro das águas.

*Este conto é baseado num texto bíblico.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 28/03/2023
Reeditado em 28/03/2023
Código do texto: T7751181
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