VAMOS BEBER CERVEJA?
TALVEZ UM CAPUCCINO
Tenho muito anos, provavelmente todos, tão depressa o tempo voa. Certamente cada minuto de minha existência serviria de roteiro para um livro, ou apenas, cogito eu, mero livreco imprestável até para servir de suporte para um copo cheio de bebida. Que não seria necessariamente alcoólica, obviamente, pois sou abstêmio, não bebo nem socialmente, embora digam por aí que as boas amizades são forjadas nas mesas dos bares. Não as minhas, afianço. Tenho amizades de cafeterias, de lanchonetes, de fast food, de bancos de igrejas etc. Jamais de bares. Portanto, o copo de bebida sobre meu eu-livreco haveria de ser, no máximo, de suco de uva ou de café, talvez um capuccino.
Nesse contínuo da jornada empreendida por meu ser, pelos cruzamentos e bifurcações, veredas, atalhos, rodovias e trilhas, vez que outra também nos céus do Brasil, Europa e América do Norte, testemunhei tantas esquisitices, estranhezas, curiosidades, lágrimas e sorrisos, algumas delas inesquecíveis e outras tantas que gostaria de esquecer, que uma série cinematográfica não poderia conte-las. A humanidade esconde seus tropeços para debaixo do tapete das enganações quando não os tenta deletar com o fogo das ilusões. Apercebi-me disso aqui e alhures, humano que também sou
No entanto, reconheço, o passar dos anos não me fez sábio, apenas me envelheceu, entranhou-me experiências, me embranqueceu os cabelos e acentuou as rugas. O tempo sabe muito bem fazer essas coisas, admito. Já a sabedoria não se compra nem se empresta, é jóia rara concedida a poucos, independentemente do correr da idade. A mim, então, restou somente o receber o dom dos muitos anos sendo e estando na vida como apenas mais um entre bilhões de iguais. O que, diga-se meritório, ainda que nem sempre, já é um ótimo presente.