UMA VISITA SOFISTICADA

 

 

   A porta se abriu lentamente, mas ninguém entrou, ou melhor, entrou uma fria lufada de vento que durou alguns segundos e emitia um som de uivos. Na ampla sala vazia apenas uma vitrola que produzia uma música erudita. As cortinas instaladas nas enormes janelas de vidro ainda esvoçavam mesmo depois de cessar a fraca ventania. A música parou nesse exato momento, as cortinas voltaram ao seu estado normal de repoudo. Silêncio absoluto, até a pequena luz vermelha da vitrola se apagou como se alguém houvesse desligado o antiguíssimo aparelho de cor verniz. O ambiente era requintado, via-se nas paredes quadros valiosos e enormes de pintores famosos. Num deles a imagem de uma bela mulher tendo nas mãos um vaso colorido. Estava séria, porém aos poucos seu semblante foi mudando e um tímido sorriso foi surgindo. Na porta que dava para um enorme corredor que levava a outra grande sala surgiu um senhor de meia idade com um sorriso nos lábios e fez um cumprimento como a saudar alguém que houvesse adentrado o suntuoso imóvel com andar superior.

 

- Às suas ordens, madame! Em que posso servi-la?

 

Essas foram as palavras do homem, observando-se que se tratava de um mordomo que se vestia elegantemente, era um traje próprio para ocasiões especiais. Seu sorriso permaneceu por um breve tempo até que ele virou-se como a acompanhar com os olhos alguém que ali estivesse indo pelo corredor. O distinto mordomo tomou a direção do corredor, de onde surgira, deixando a sala novamente em silêncio, que foi quebrado pelo som da vitrola que reiniciou a música clássica que antes tocava. A porta fechou-se lentamente, assim como tinha sido aberta, deixando no ar um perfume francês muito usado por damas da alta sociedade parisiense. Na parede, o quadro da bela mulher que sorria voltou ao seu estado natural de seriedade.

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 26/01/2023
Reeditado em 26/01/2023
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