OS ARREPIOS DE INFÂNCIA
Toda cidade de interior tem seus contos e contadores de histórias de assombração.
Na minha cidade não é diferente, são tantas que até livro foi publicado com uma coletânea delas.
Tem a do Padre sem cabeça, que até hoje a rua onde diziam ter visto leva o nome vulgar de "gruta do vigário".
O travesseiro preto que aparecia à noite...
Os gritos nos porões das casas grandes dos engenhos, que já não morava mais ninguém...
Mas, uma das histórias não foi contada no livro, nem era muito falada...a do "homem do algodão"
Certo homem foi dado como morto, velado e sepultado. Dois anos depois na exumação, o caixão estava vazio...mistério sem solução.
Tempos depois relatos de populares da cidade, afirmam ter visto o homem caminhando pela cidade, tarde da noite, com as narinas entupidas de algodão.
Não falava, não parava e num piscar de olhos sumia em meio às sombras nas luzes fracas dos postes com lampada de mercúrio.
Tinha ruas e becos que ninguém passava depois das 22h.
Quando falavam de nova aparição, até os pêlos da nuca subiam...
Até hoje quando lembro dessa história, os arrepios da infância parecem voltar.