O Outono-Primavera da Orquídea Azul

Eu não sabia aonde eu estava, era um local escuro, sem luz, existiam flashs na minha mente de locais onde vivi, em que morei, onde tive certeza que me senti viva. Eu esqueci quem eu era, qual era meu passado? Porque não enxergo a luz?

Das poucas coisas que eu consigo me lembrar foi daquela noite, era uma noite de Outono, mas a primavera estava chegando, eu conseguia sentir o cheiro das flores do meu jardim, as minhas orquídeas azuis e as rosas amarelas já estavam querendo florir.

Eu saí naquela noite afim de esquecer, esquecer dos meus problemas e daquele idiota em que um dia eu confiei, a quem eu me entreguei, demonstrei afeto, carinho, eu me enganei, achei que ele poderia mudar, mas me assustei quando ele disse: "Não, não acabou".

Aquela noite estava um pouco chuvosa, ainda consigo sentir os pingos de chuva caindo sobre o meu rosto, eu não sou dessas garotas que têm medo de molhar o cabelo, gosto de sentir a natureza em mim, sentir o vento, a brisa com os cheiros variados.

Naquele dia eu me descuidei, eu sei, eu estava sofrendo ameaças, como uma pessoa sofrendo ameaças poderia sair à noite para dançar, se divertir, conhecer novas pessoas? Eu deveria ter mais zelo, desde o início, desse quando o conheci naquele parque.

No mesmo lugar do início, foi também do fim, aquele parque era indo a caminho da minha casa, eu estava ansiosa pra sentir o cheiro das minhas rosas, afinal era Primavera, elas enfim floriram, eu iria ver as pétalas das minhas lindas orquídeas azuis.

Mas, os olhos azuis dele já não eram os mesmos, estavam banhados de ódio e de rancor, eu enxerguei a morte de relance, não imaginei que poderia ter a chance de estar presente a ela algum dia. Sim, fui assassinada pelo amor, ele me apunhalou no local mais sagrado do meu corpo.

Meu coração queimou, mas não foi pela faca cravejada, mas por amar alguém que me matou, que me deixou em pedaços e me entregou de bandeja pros braços da morte. Naquela noite, eu senti o sangue escorrendo, não só das mãos dele.

É uma lembrança complicada e confusa, porque não sei o que vou fazer agora, eu estou vagando nesse impetuoso infinito de vazio, não enxergo a luz, as únicas coisas que me mantém esperançosa são as minhas flores, que agora estão sobre um caixão.