Noites inquietadoras
Naquele quarto, de noite, se fazia presente com certa constância alguns barulhos; e ele não sabia exatamente de onde eles vinham.
Eram sons e ruídos que o deixava sempre assustado. Como se ainda fosse uma criança que não quer ficar sem a presença dos pais, por temer os monstros que aparecerão se dormir sozinho. Buscava sempre uma explicação que fosse racional, mas lhe era impossível não pensar que se tratasse de algo sobrenatural. Totalmente coberto e sem enxergar nada, tinha imenso receio de se descobrir e se deparar com alguma coisa em seu quarto.
Imóvel, ficava criando teorias para os sons das madeiras e dos metais que eram presentes nas portas, janelas, armário e cômoda. Será que a ciência explicaria esses ruídos? Preferia tentar trazer as interpretações para um campo mais científico. Era mais agradável e reconfortante. Embora orasse sem jamais se mexer e se descobrir, pois, nenhuma explicação que sua mente criava nesses momentos era boa o suficiente para espantar os medos que o fazia paralisar. E assim ficava, paralisado, imaginando e crendo que os anjos de Deus estavam presentes ao redor da sua cama, atendendo suas orações e súplicas, para enfrentar as coisas más que o assombrava fazendo barulhos e ruídos para atormentá-lo. Mas em sua mente ele possuía um trunfo, para caso fosse alguma assombração presente em seu quarto e os anjos não estivessem ali para protegê-lo. Imaginava que coberto e quieto, fingindo estar dormindo, eram fatores de defesa; onde jamais alguma coisa poderia atacá-lo nessas condições. Ao contrário do que pensava que poderia lhe ocorrer caso se descobrisse. Logo, era só aguentar as horas passarem e até, quem sabe, pegar no sono.
Pela manhã, tinha a convicção de que poderia se descobrir sem nenhum risco. E era sempre assim que procedia quando os ruídos e sons noturnos no seu quarto destruía sua noite de sono.