UM TIRO NO CORAÇÃO
-" Sim, te amo! Mas preciso te matar . Porque o amor que tenho por ti me sufoca, e não resisto, quero alcançar o ápice de tamanho sentimento "
- " Mas que amor ao mesmo tempo majestoso e macabro tu me tens, a ponto de preferir-me exangue a desfrutar de meus carinhos diários? Matas-me e me perdes, enquanto morro e te perco, e não te parece por demais incoerente e desumana essa absurda atitude?
- " Meu amor por ti vai muito além do pleno, é algo que me afoga e me leva a desejar o mais perfeito e contudente orgasmo de quem ama e anseia o Nirvana ao senti-lo. Somente te matando chegarei ao supremo desse momento orgasmico: a morte. Pois não preferiram a morte Romeu e Julieta por sentirem o mais fino e puro amor mútuo? "
- " Contudo, meu amor, a relação amorosa deles era proibida, não poderia jamais florescer. Conosco semelhante proibição inexiste, somos livres para uma vida plena de amor. "
- " Amor de minha vida, nada me impedirá de te matar, entrarei em êxtase quando o fizer. Depois de tudo realizado, satisfeita, não terei mais razão para viver porque terás partido. Como Julieta, também não terei nenhuma vontade de viver, matar-me-ei e te encontrarei para a eternidade. "
Algemado à cama, ele viu a arma na mão dela aproximar-se de seu coração. O barulho do disparo entrou por seus tímpanos de forma sutil, por milésimos de segundos, tudo muito rápido e indolor. O segundo tiro da mulher amada, dado à queima roupa em si mesma, também no coração, ele já não escutou.