O VELHO DA BARRIGA GRANDE

Embora baixinho, troncho e barrigudinho, cabelos prateados pintados de preto para parecer mais jovem, o que só causava olhares e risinhos zombeteiros, ele se achava o máximo. E acreditava que quase todas as mulheres mais novas, entre vinte e cinco e trinta anos, tinham real interesse em namorar com ele.

Era realmente um velhinho ridículo com seu olhar penetrante, atrevido e metido a cortejador. Ele não tirava os olhos delas aonde quer que fosse, admirando suas formas, curvas e requebros enlouquecedores. Sem o menor pudor, virava a cabeça ao cruzar com alguma desse naipe, praticamente possuindo-a com os olhos lúbricos. Quem pudesse ler seus pensamentos nesses momentos enrubesceria. Ah velhinho atrevido da barrigona!

Um dia, porém, encontrou o chapéu da viagem quando praticamente saltou seu olhar malicioso sobre uma garota muito bem torneada usando calça jeans e mini blusa, talvez na casa dos vinte e oito anos. Ah, o velhinho da barriga grande tinha setenta e um. Então, quando ele botou sobre ela seu olhar sonhador, não dá para entender por que nem como, a mulher se virou para ele e disse: " Você não se enxerga não, velho barrigudo tarado? Por que não volta para sua rede e morre em paz? Além do mais, o seu caminhãozinho não tem nenhuma condição de encarar a montanha de areia que o senhor tanto olha e acha que deseja! Velho, feio, baixinho e barrigudo como é, achava que bastaria me olhar para ganhar? Vai morrer em paz!" E se foi, deixando o coitado do velho barrigudo humilhado e arrasado.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 01/11/2022
Reeditado em 01/11/2022
Código do texto: T7640700
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