JOGANDO FUTEBOL COM AS ESTRELAS
Quando criança, movido por sonhos e fantasias, eu voava montado em cavalos e pedalava bicicletas por entre as nuvens, abraçando os flocos brancos como se fossem pessoas queridas que me amavam e cuidavam de mim. Extasiado e respirando felicidade, avistava anjos sorridentes no céu cantando hinos de louvor, tocando harpas e liras, brincando no espaço como inocentes meninos jogando futebol com as estrelas.
Eu participava de conversas com flores querendo saber delas de onde vinham seus perfumes, cores e formas, se elas gostavam de ser arrancadas de suas roseiras e se não parecia entediante permanecer num só lugar a vida toda. Elas apenas sorriam da minha ingenuidade, demonstrando quão alegres se mostravam por viverem nos jardins aguardando as chuvas e o sol, bebendo também dos orvalhos das madrugadas. Sim, elas se diziam felizes em seu próprio universo, então eu as cheirava dizendo palavras carinhosas e saía correndo para pegar a bola e me divertir com as árvores.
Vivi a infância mais linda das histórias de contos de fadas. Cheguei a pegar na mão de Cinderela, fiquei na casa dos três porquinhos no momento em que o Lobo Mau soprava com força na intenção de derruba-la, cantei com os sete anões indo com eles para as minas de diamantes e entrei em castelos pertencentes ao Rei Arthur, sentando numa das cadeiras da Távola redonda.
A inocência dos meus sonhos de menino escondia de mim os males do mundo, a triste erva da inveja e a malícia dos inconvenientes. Quem não passou por uma infância assim, colorida pela fantasia, provavelmente não teve a oportunidade de ser criança realmente feliz.