A RUA SOMBRIA
Apenas seis casas da rua tinham iluminação completa e profusa, em seu interior os moradores riam, conversavam, brincavam, se divertiam e se mostravam felizes, completamente realizados. Essa maravilhosa alegria, no entanto, se resumia ao grupo restrito das apenas seis residências numa realidade absurdamente diferente como óleo e água. Verdadeiro oásis de gozo e prazer num mar de pobreza, tristeza, fome e depressão.
Porque os demais lares vizinhos e ao redor não passavam de casebres, ambiente paupérrimo, onde seus indigentes moradores sofriam fome, se ressentiam da falta de energia elétrica, não achavam motivo algum para sorrir, conversar, dançar ou se divertir, levando uma vida miserável. Pasmava que convivessem a miséria e o luxo, a felicidade e o infortúnio, a fartura e a falta de alimentos, a diversão e a angústia, a luz e a escuridão.
Por essa razão, o estranho e desconhecido homem passando naquela rua de opostos tão díspares justamente numa noite sem luar, admirado de ver uns poucos privilegiados como nababos enquanto a maioria famélica em derredor chorava a dor de não ter nada, indagava aos minguados que encontrava o que estava acontecendo, qual a razão de tamanhas diferenças tão próximas, mas nenhuma resposta obtinha. Assim, sob o silêncio geral dos miseráveis e a algazarra entusiasmada dos outros, ele continuou andando pela rua e perguntando, atônito por não ser respondido, ainda assim seguindo pela sombria rua até chegar, para sua surpresa e choque, a um imenso monturo que a fechava exalando fétido odor. Nesse instante, uma mulher dele se aproximou e disse: " nós vivemos num beco sem saída e o monturo é o fim da linha."