O VOO DA MORTE
Ronaldo sempre sonhou voando, vagando pelo céu como um pássaro dono das estradas do espaço é livre para ir ao de queira. Cada vez que se via personagem desses sonhos maravilhosos e acordava quando o voo estava em seu melhor estágio, acordava sorrindo e tentava dormir novamente para retomar a utopia.
O desejo de voar tomou de conta do coração de Ronaldo de maneira retumbante, gigantesca, transbordando para a alma e a mente como uma tromba d'água vai arrastando tudo que estiver à sua frente. O pior, ressalte-se, é que tamanho anelo o conduzia ao sonho colorido noite após noite, parecia roteiro pronto, situação premeditada. Ganhando área de neurose.
No amanhecer de seu último aniversário, ali ainda pelos primeiros albores do dia, como que se sonhando continuasse, abriu a janela do quarto, subiu e, à guisa de ainda partícipe do sonho, voou. Pelo menos tentou.