A JANELA ABERTA DO NONO ANDAR
O irmão estava deitado na cama, em silêncio, apenas ouvindo sem emoção nenhuma o que o homem ajoelhado ao lado gritava. E o tom de voz do barulhento era alto, grave, choroso:
" O que eu fiz para vocês me odiarem, o quê? Por que vocês sempre me tratam com indiferença e desprezo, por que têm tanta raiva de mim? Faço de tudo para agir no bem com a família inteira, mas só me olham torto, cheios de ranço...eu não aguento mais isso!"
O sujeito deitado levantou, o rosto rígido, sem expressar nenhum sentimento de compreensão, ao contrário, continuava alheio aos apelos e indagações do irmão, w some te disse uma única e terrível frase:
"Nós não gostamos de você, ninguém da família gosta!" Saiu sem olhar para trás.
O homem ajoelhado, lágrimas intensas no rosto, aturdido diante da atitude que ele não esperava, levantou-se, olhou para a janela aberta do nono andar, subiu e pulou na direção do vazio.