A CANETA ASSASSINA

Eu realmente nunca compreendi por que levei a caneta da amiga de minha mulher, que a visitava, para a padaria onde pretendia comprar alguns petiscos. Ah, também não entendi o motivo de ter entregado tal objeto à jovem por quem fui atendido ao chegar à padaria. São perguntas que me faço até hoje. Sem respostas, claro.

Mais ainda tudo se tornou misterioso quando entrou no estabelecimento um senhor de cabelos brancos e, pasmem, a jovem atendente entregou a ele a caneta da amiga de minha esposa, levada por mim inconscientemente. O mais incrível de tudo foi que, ao receber a caneta, o sujeito começou a dançar e fazer muganga e palhaçada. Então chamei a atendente e pedi a devolução da caneta, avisando para ela que não me pertencia.

Ela me olhou assustada, os olhos bem abertos e um ar de temor, ao dizer que aquele homem era desembargador, não podia solicitar a caneta de volta. Fiquei muito aborrecido com isso e me dirigi diretamente ao tal importantão da Justiça, pedindo para me devolver o que não lhe pertencia. Recebi como resposta uma careta, risinhos zombeteiros e dancinhas debochadas. Em seguida, o dançarino palhaço mostrou o nome da mulher escrito na caneta na intenção de esclarecer não ser minha, pertencia à pessoa cujo nome se via no objeto. E continuou dançando, ironizando e fazendo trejeitos esquisitos.

Tanta raiva me acometeu, que subi ao balcão e parti para cima do tal desembargador debochado. Nesse exato momento, para sorte dele, acordei, o coração aos pulos, irado porque não tomei dele a caneta antes de acordar.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 11/09/2022
Reeditado em 11/09/2022
Código do texto: T7603271
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