MARIA MUDOU?
Maria tinha 15 anos quando a conheci, eu estava com 17. Com a permissão dos pais dela, começamos um namoro que durou pouco mais de seis meses, entre altos e baixos naturais que ocorrem nos relacionamentos adolescentes. Apesar do rompimento da relação, o elo de ligação nos trazia ao coração aquele algo mais especial capaz de transformar o esquecimento em lembrança.
Aos dezenove anos passei no concurso para sargento do Exército, iniciando minha carreira no Estado do Pará, aonde fui mandado pela corporação. Durante vinte anos dediquei meu empenho em bem servir a minha Nação, ao longo desse anos alcançando o posto de terceiro tenente. Aproveitando as férias concedidas, aproveitei para visitar meus pais e rever os amigos e lugares da terra onde nasci
Reencontrei Maria na pracinha central, numa noite de domingo. Ela me viu, sorriu, acenou e fui ao seu encontro. Contou-me que casara, tinha um filho, mas havia se divorciado dois anos atrás. Conversamos, trocamos amenidades, ao fim do que ela perguntou se eu tinha whatsapp, pedindo meu celular para anotar o número dela. Assim fiz, ela anotou e, para minha surpresa, o colocou no bolso. Talvez fosse apenas gesto instintivo, ela logo me devolveria. Em meio ao trivial, Maria relatou estar passando por dificuldades e necessitando ajuda financeira. Imediatamente, tirei minha carteira e entreguei trezentos reais a ela.
O que aconteceu em seguida deixou-me perplexo. Sem qualquer explicação, ela disse que tinha que ir, já então se afastando. Sem entender nada, pedi meu celular, mas ela disse que não estava com ela, saindo apressada. Fui ao seu encalço, peguei-a pelo braço e pus a mão no bolso onde vi-a guardar o celular. Ela gritou, pediu socorro, chamando a polícia aos berros. Pasmo e incrédulo, fiquei me perguntando: " O que aconteceu com Maria?"