A MANSÃO SUSPEITA
Impoluto provavelmente seria o termo mais adequado ao senhor Jorge, grande magnata da indústria pecuária, homem poderoso, implacável em suas decisões, a quem todos respeitavam e até veneravam porque proporcionava centenas de empregos.
O palacete onde morava, encravado bem no centro da cidade e ganhava um Oh! de admiração por quantos o vinham diariamente, com sua família tinha aspectos da arquitetura vitoriana, se mostrava vistoso e imponente declarando quão importante e rico se mostrava seu proprietário. Uma palavra de Jorge valia mais que qualquer item de Lei, o povão o temia quase o achando semideus.
Numa certa manhã de fevereiro, bem próximo do período carnavalesco, o centro da cidade acordou em polvorosa, o ruge-ruge chegando aos bairros mais distantes e trazendo para o local a grande maioria da população. Em frente à residência do ricaço e poderoso senhor Jorge avistaram vários carros da polícia federal, e o movimento de policiais entrando de mãos vazias e saindo com caixas de whisky da marca Cavalo Branco empalideceu o rosto dos populares. Ouviam-se gritinhos nervosos de mulheres da mansão e a voz alterada dos agentes da Lei e de Jorge. Por fim, quando aparentemente todas as caixas lacradas foram trazidas para uma D20 da polícia, eis que surge o senhor Jorge algemado e conduzido por dois policiais fortes e sizudos. Fizeram-no subir na carroceria da D20, à vista do povão, a seguir saíram em desfile pela cidade até a saída no rumo da capital. Soube-se rapidamente que o senhor Jorge era contrabandista de whisky escocês e havia sido preso.