BASTARIA UM TIRO
Minha intenção se inclinava pela morte dele. Bastaria um tiro e pronto, tudo se resolveria. Houve quem dissesse para eu apenas torcer o pescoço dele até ouvir o estalo dos ossos se quebrando, porém fui contra porque o sofrimento seria muito, desnecessária essa atrocidade. De igual forma fui também contrário à degola, a gritaria se mostraria insuportável, além do mais certamente espirraria sangue demais sobre meu rosto. Optei por, após amarra-li, mata-lo atirando uma única vez e, vapt, ele morreria num átimo.
Corri atrás dele com os demais, perder uma bala, caso errasse, não constava dos meus planos. Tínhamos de por as mãos nele sem dar chance de fuga. Só nem imaginava que ele corresse tanto, se desviasse, pulasse obstáculos e nos enganasse de alguma maneira quando já o julgavamos no papo. Ah, e como o danado corria aos berros, sem dar qualquer chance de ser agarrado
Se eu atirasse a esmo, de longe, talvez errasse o alvo, mas longe de mim isso acontecer. A morte dele teria de ser como eu pretendia. Os que estavam correndo comigo nessa empreitada diziam impropérios, xingavam, incentivavam, de tudo fazendo com o intuito de levarmos a cabo a tarefa de matar aquele a quem perseguiamos. Então sucedeu algo inesperado: ele subiu numa grande árvore perto do muro, que alcançou num piscar de olhos e, de lá, quase voou para o quintal do vizinho. Foi quando o ouvimos ser agarrado e morto pelo pastor alemão que lá ficava solto. Pois é, o galo que pretendíamos jantar se tornou a janta do cachorro.