O CACHORRINHO ASSASSINO
Laura tomou banho ao acordar, vestiu-se, arrumou a cama, olhou-se no espelho mais uma vez, vaidosa que era e se amava, em seguida dirigiu-se à cozinha para preparar aquela panqueca gostosa de todos os dias. Seu short apertado exibia a exuberância das belas pernas, acentuando também quão empinado o bumbum se destacava. O top deixava à vista a cintura fina, a barriga chapada, o quanto ela parecia bela.
Pareceu-lhe bastante estranho não ver à espera do lado de fora do quarto, igual a todas as manhas ao acordar e sair ao encontro dele, Salmão, o cachorrinho de estimação, sempre saltando sobre as pernas dela e balançando a cauda todo feliz. Bem, talvez estivesse escondido por ali na intenção de surpreende-la a qualquer momento, de tão brincalhão e espevitado que era. Mas, esquisito, não, não o viu nem deparou com ele nas proximidades. Então, por onde andava Salmão?
Foi impossível conter o grito de afinada surpresa quando chegou à cozinha e percebeu o cachorrinho parado, orelhas em alerta, rosnando ameaçador ante a presença de sua tutora. Ele a olhava com ferocidade, ânsia assassina, sede de sangue, os olhos vidrados fixos nela como se fosse saltar e ataca-la. O berro saído da garganta de Laura deveu-se menos ao comportamento e mais ao que vislumbrou no animalzinho de sua estima. Não se tratava apenas da mudança de comportamento nele, a jovem notou que havia apavorantes protuberantes caroços vermelhos cobrindo-lhe o corpo inteiro, da cabeça às patas. O que seria aquilo, de onde e por que surgira?
Salmão, inesperadamente, teve uma reação jamais imaginada por Laura quando saltou sobre a moça com os dentes arreganhados sem lhe dar nenhuma chance de defesa. Mesmo tendo visto o olhar de morte nos olhos do seu cachorrinho, jamais pensaria ser atacada por ele, o seu bebê. Quase não teve tempo de expressar o terror de seu susto, emitiu um único e tétrico grito quando ele caiu sobre ela, passando a gemer e arquejar depois que o bicho rasgou sua jugular com uma mordida brutal, matando-a em poucos segundos. Nesse momento, os enormes tumores, um a um, começaram a explodir. Agoniado e presa de dores insuportáveis, Salmão caiu ao lado do cadáver da moça, o sangue purulento dele se misturando ao dela. As protuberancias continuaram estourando mesmo após o bichinho de estimação morrer, até a última.