COMO EXPLICAR?

Talvez já fosse meia noite, não tenho certeza absoluta pois nem pensei em olhar a hora quando vi o disco voador cheio de luzes ao redor sobrevoando o céu. A princípio pensei tratar-se de uma estrela cadente, porque o objeto descia numa velocidade semelhante. Só que, tão-logo chegava próximo à linha do horizonte ele tornava a subirem milésimos de segundos. Subia e descia, por vezes rodopiava como um pião, e isso durou alguns segundos, tempo que não aproveitei para filmar com o celular, tão surtado fiquei. Eu morava só, não havia com quem compartilhar aquele acontecimento perturbador

O momento mais interessante e, claro, também mais aterrorizante, foi quando o disco voador repentinamente se aproximou de minha casa assim do nada, agora com apenas uma tosca luzinha acesa, e pousou no quintal. Nesse instante, não sei se por causa do susto, do pavor ou se por algo provocado por quem pilotava o tal objeto, apaguei.

Acordei alguns minutos depois, embora a noção de tempo tivesse abandonado meus sentidos. Estava deitado numa maca flutuante sendo observado por seres estranhos, altos e silenciosos, que apenas gesticulavam e se entendiam sem emitir uma só palavra. Paralisado de terror, vi quando um deles ligou alguns fios esquisitos na minha testa e outro, sem pestanejar, tirar do ar uma lâmina de formato desconhecido e, para espanto de minha alma, fazer um corte circular no meu peito esquerdo para, logo depois, arrancar meu coração. Não senti dor nenhuma, talvez, imagino, por causa dos fios sobre minha testa.

Eles analisaram o coração batendo no ritmo normal, não sei como nem por que não morri, continuando a se comunicar com gestos inusitados, até mesmo meio agitados. Vi tudo sem acreditar, sem compreender, sem saber se seria levado por eles, se estava ou não morto. Foi quando tudo escureceu, tornei a apagar, nada mais senti ou presenciei.

Acordei dentro de casa, feliz por estar vivo, acreditando que tinha sofrido um baita pesadelo. Mas não foi um pesadelo, constatei isso ao passar a mão no peito esquerdo e sentir uma enorme cicatriz em forma de circunferência. O relógio na parede da sala tinha parado, porém o calendário avisava que uma semana se passara.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 24/08/2022
Reeditado em 24/08/2022
Código do texto: T7589764
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