Dissecando Deus, eu e a morte.
Da minha escrivaninha em silêncio absoluto, sobretudo, gritos mudos, desejo de ser divina, sou tomada por uma força maior. E me pergunto, quem sou ? dentro do útero da minha mãe recordara entre séculos o eu selvagem. Completamente muda, em caos de não ser dona de mim, o mistério me atraia e eu infante caia nas armadilhas do destino. Diante do espelho me reconheço na pré-história, Deusa cultuada pelos homens, venerada entre povos, grandes eram as embarcações em minha homenagem. Prazer de ser eu mesma, não outra de mim. Sou Diana de Éfeso, caçada, cortada em pedaços e servida de alimento aos porcos.
Talvez fosse tarde demais para esse questionamento ou quiçá fosse por ordem divina, mas eu era uma criança curiosa, atenta aos sinais de Deus, ele tão hermético me seduzia aos teus mistérios e eu profanava o divino como criança que brinca de ser Deus moldando o barro.
A vida é tão singular, meu pai, não me deixe morrer, eu não quero morrer. E sei que a morte é inevitável, meu corpo apodrecera em meio aos bichos, mas meu espírito lateja de dor ao saber que partirei um dia do meu corpo. Sou tão espelhada como o reflexo da minh’alma, enraizada no útero da terra. É sob as estrelas que os anjos adormecem e teus sonhos se debruçam em amor eterno.
Perder-me foi, sobretudo, um ato de coragem. Me desfaço por inteira até virar pó. volto ao inicio do mundo, barro pairando no universo. Deus, molda-me conforme a tua vontade!