Quarto número 23

Vejo que o blog tem crescido bastante e que vocês estão gostando bastante das histórias que eu conto! Essa semana quebrei a barreira de 5 mil escritos (Uau!) e por isso vou contar uma especial. A história de como meus pais desvendaram um crime!

A acho muito interessante, embora eles não gostem de falar sobre isso. O pai, só após algumas taças de vinho e muita insistência, enquanto a mãe nem toca o assunto. É... Acho que já dá para perceber que tem algo estranho, não?

Enfim, eles me concederam permissão de posta-la, e o título que escolhi foi:

O Quarto número 23

Antes de eu, ou mesmo meus irmãos termos nascido, nossos pais eram mais aventureiros. Jovens, sempre que tinham alguns dias livres faziam a mala, pegavam o carro e partiam sem destino. Sem fazer planos, tomavam a estrada que dava vontade, comendo em lugares antes desconhecidos e dormindo no primeiro hotel que surgisse quando o sono chegava.

E foi em uma dessas viagens que foram parar em um pequeno hotelzinho as beiras de um vilarejo antigo. Hotel e Pousada Stanley, conta meu pai, que tem gravado em sua memória o sinal luminoso com algumas letras piscando.

Bem, como colocado, assim que batia o sono eles encontravam uma pousada ou o que fosse, paravam, e ali não foi diferente.

Estacionaram, percebendo que eram os únicos no local, tiraram as malas do carro e foram a porta.

Empurraram e ela abriu, revelando um lobby antigo e mal iluminado. Não havia ninguém ali, mas como a porta não estava trancada, sentiram-se no direito de entrar e tentar ver o que se passava.

Foram direto ao balcão, e após alguns segundos, meu pai notou a campainha. Levantou a mão para toca-la, quando por detrás do balcão surgiu um rapaz, vestindo um uniforme verde e chapéu de funcionário.

- Pois não amigos! – pediu ele sem demora.

Seu jeito sorrateiro havia dado um susto em meus pais, mas após conversarem viram que era um garoto bastante simpático, e falaram que estavam ali para passar a noite.

O jovem, que havia se identificado como Arthur Stanley, olhou em volta e exclamou: - Esplêndido! Vamos logo ao quarto então, que finalmente vou poder descansar!

A escolha de palavras realmente foi esquisita e meus pais sentiram algo de estranho no ar, mas o sono foi mais que o suficiente para não pensarem muito e seguirem o homem, que os levou ao segundo andar, no quarto 23.

Abriu a porta, desejou-lhes uma boa noite e desapareceu escada abaixo.

Quanto ao quarto, tudo parecia normal. Bem arrumado, exceto por uma leve camada de poeira sobre os moveis e a cama. Outro casal certamente iria reclamar disso, mas eles estavam tão cansados que apenas se arrumaram para dormir e deitaram.

Conforme tentavam se fazer confortáveis, começaram a sentir alguns estalos sob o colchão. Era como se pequenos gravetos estivessem se partindo.

A cama era desconfortável e barulhenta, mas entregues ao cansaço, logo começavam a pegar no sono. Despertaram, porém, quando um cheiro estranho começou a exalar no quarto. Cheiro que foi só piorando, até que eles tiveram que levantar e ver o que era.

Procuraram no banheiro, nos armários, até na geladeira, mas só foram encontrar sua origem quando levantaram o colchão. O desconforte anormal e barulho doo colchão eram ossos, e o cheiro, de um corpo apodrecido!

Nem mesmo pegaram suas coisas e correram de lá, direto para a recepção onde deram de cara com uma mulher mais velha. Contaram do quarto, pedindo explicações, e ao tocarem no número 23, viram que ela se demostrou chocada. Chamou logo o marido, sem intender como eles haviam pego aquele quarto, que ele deveria estar fechado e fora de serviço, e que tudo não passava de um mal intendido. Talvez não, mas em meio à confusão, meu pai conseguiu usar o telefone do hotel e chamou a polícia.

E foi neste dia que meus pais ajudaram a resolver um crime... Agora a parte mais estranha... A mulher da recepção era madrasta de Arthur, que havia herdado o hotel de seu pai. Ela havia então casado novamente e pouco depois o garoto desapareceu.

A polícia então lhes mostrou uma foto do desaparecido e eles logo o reconheceram. A verdade é que nunca havia saído dali. A madrasta e o marido haviam lhe assassinado para ficar com a propriedade, ocultando o corpo no quarto 23. Ele porem esperou e esperou... E quando finalmente teve sua oportunidade, apareceu, e graças aos meus pais, que nessa noite resolveram um crime, pode finalmente descansar