Liliana

Que saco, não aguento mais tanta manha…

Minha irmã mais nova, Jenny, está um porre ultimamente e isso tem me tirado do sério.

Nós costumávamos a nos dar tão bem no passado, muito bem mesmo... Brincávamos, conversávamos, saiamos passear... Mas não mais... Não desde que ela resolveu “inventar” uma amiga imaginária.

Hoje, Jenny só sabe falar da tal da Liliana... É Liliana para cá, Liliana para lá, Liliana, Liliana... Aaah, me deixa louca.

E acho que deixou um pouco mesmo. Eu costumava me considerar uma boa irmã, mas agora não sei mais se sou. Agora, por conta dessa “Liliana”, tenho pego prazer em incomodar minha irmã, ser chata com ela. Comecei a implicar com Jenny e fazer piada com sua cara e com sua amiga imaginária, que ela jura que é real...

Sei, deve ser muito real mesmo... Como poderia alguém entrar na nossa casa sem ninguém perceber e ir até o quarto dela brincar?

Bom, o estranho é que quando ela está lá, fechada em seu quarto, dá para ouvir que conversa com alguém. Da risada, conta histórias... De fato, é como se tivesse alguém junto dela. Mas acontece que não tem! Isso que ela não entende, não existe nenhuma Liliana, é tudo imaginação. E isso ficou mais claro ainda quando uma vez, após tirar sarro dela, resolvi falar sobre a Liliana... Foi mais ou menos assim:

“ - Jenny, sua monte... Tá, então me diz, como é essa Liliana... É bonita ao menos? Não, não, aposto que é feia, você não teria capacidade de arrumar uma amiga bonita. “

Ela me olhou de canto, então baixou o rosto.

“ - Ela... Ela... – Começou Jenny, então parecendo confusa – Eu não sei... A Liliana, ela... Eu não consigo ver nenhum rosto nela... Mas não me importa, gosto dela mesmo assim. “

Há, isso foi demais para mim. Além de tudo, isso. Aí Jenny, não sabe como me irrita, essa tua imaturidade. Você já foi melhor... Mas tudo bem, vou te fazer sentir um pouco do gosto do próprio remédio. Já tenho tudo planejado... Ela diz que a Liliana aparece de repente sem avisar, então pretendo dar-lhe um belo susto hoje à noite. Ela vai ver.

Chegado a noite, Kate, no momento em que Jenny vai ao banheiro escovar os dentes, corre ao quarto da irmã e se esconde embaixo da cama da irmã. Após alguns minutos, Jenny volta, se deita e apaga o abajur na cômoda ao lado da cama, pronta para dormir.

“ Agora você vai ver... – pensa Kate – Hora de crescer irmã. – e forçando a voz para parecer com a de uma aparição, ela começa:

“ Jenny... Jenny... Sou eu, sua amiga... Vamos nos divertir um pouco, Jenny “

Kate segura então a respiração, achando que isso vai deixar a irmã com medo, mas para sua surpresa, Jenny apenas responde:

“ - Hoje não, Liliana, estou cansada. “

“ O que? – pensa Kate – Sem essa, nem que eu tenha que te agarrar pelas pernas. – E então recomeça:

“ Jenny... Levanta-se e vamos conversar... Eu quero te ver Jenny... “

Kate se diverte em atormentar a irmã, mas de repente tudo muda. De repente, ela percebe que não deveria estar ali e feito isso, e sente seu sangue congelar, pois após terminar de falar, sente uma presença ao seu redor e então um sussurro rouco em seu ouvido.

“ - Ela disse... Que hoje... Não... “

Vagarosamente ela se vira e sente o corpo todo paralisar. Deitada ao seu lado, percebe uma figura na escuridão se aproximando lentamente, pronta para lhe pegar.