A FADINHA VISÍVEL

A FADINHA VISÍVEL

Paulo Carvalhal – DEZ-21

A sensibilidade dos animais é hoje sabida e estudada pela ciência, fundamentalmente dos animais mais próximos dos hu manos.

Histórias de cães, gatos, cavalos já foram comprovadas, a exemplo do gato Oscar; que sinalizava a equipe médica de uma casa de reposo para idosos, quando alguém dentre eles viria a óbito; como isso ocorria? O gato perambulava por entre os internos e quando sentia qual deles morreria ele deitava-se ao seu lado e instantes antes do desfecho final ele se ía.

Em minha estória o animal em questão creio e ou ao menos não tenho conhecimento do registro de nenhum caso como

ele, aqui o mensageiro é uma linda borboleta pequena e bem colorida; a estória se inicia assim:

No sertão baiano, uma área muito pobre, onde há quase um ano não caía uma só gota d'água; no sítio da família do Justi

no, e certa manhã onde o casal conversava baixinho para que os filhos não os escutassem, assim pensavam; contudo, o ca

çula dos seis era bem danadinho e parecia ter ouvido de tuberculoso, então o pai falar do desespero dele por não ter mais

condições de permanecerem ali pois corriam o risco de morrerem de sede e fome, até mesmo porque os poucos animais

que restavam quase não achavam comida e água, daí estavam planejando ajuntar as tralhas e irem embora enquanto ain

da tinham forças.

Contudo, nos tempos bons eles eram felizes e o menino não queria que fossem embora. Então saiu de fininho e foi até

uma grande pedra que ficava bem no meio de um rio próximo ao sítio deles quando havia água e de onde se divertiam pu

lando e nadando, e pra descançar sentavam no topo dela pra olhar o resto do mundo. Aos prantos o menino ajoelhou-se

e pediu a Deus que mandasse chuva pro sertão a seguir rezou o Pai Nosso ainda aos prantos e sentou-se mirando o céu.

Em casa Jacinto deu por falta do moleque e saiu em sua busca pois precisaria arrumar as coisas pra partida antes que fos

se tarde demais; com auxilio dos filhos maiores saíram doidos à procura, após algumas horas de buscas Jacinto chegou ao

rio seco e o avistou no topo d apedra, ordenou que ele desdesse, e silenciosamente este obedece e quando o pai ralhava

com ele pelo susto pregado; uma singela borboletinha colorida voeja, voeja em torno do menino e não é que pousa em

sua cabeça! o pai tenta espantá-la mas ela não arreda, pede que o filho não se mexa e quando ia dá um tapa o menino o impede, estica o braço para frente e esta pousa em sua mão, ele fica encantado e ri; só então ela voa indo embora.

Ao chegarem de volta ao sítio a mãe o afaga nos braços, dizendo você quer matar a gente de susto menino, venha tomar o café; ao entrarem em casa não demorou a perceberem certa escuridão e logo em seguida forte trovoada bateu; uma, duas,

três vezes, todos assustaram-se com tamanho barulho, abraçaram-se e não tardou muito a chuva cai e pesada; o rio mencio

nado acima no decorrer do dia encheu como nunca antes.

Até parecia carnaval face a animação de todo o povo sertanejo , muito saíram de suas casa e foram para os terreiros, alguns

rezando, outros cantando na chuva e bailando , a chuvarada encheu cacimbas, açudes, aguadas, barreiros durante todo o dia

e o seguinte; toda a terra ficou bem encharcada e praticamente todos apressaram-se em prepará-la para o plantio, e poucos dias após o escorrimento superficial da água, esperançosos lanças mão da semeadura de feijão, milho, mandioca, palma, em

menor escala hortaliças, etc.

Poucos dias após toda aquela chuva a caatinga voltava a enverdecer, mês seguinte e era uma beleza de se vê o verdume e a alegria de todo sertanejo; mais a frente no período da colheita foi só fartura, os animais tinham alimento suficiente, ganhara

peso, o sertão voltou a ser feliz.

Todos em procissão foram às igrejas por todo canto orarem em agradecimento ao Senhor; contudo ninguém sabia quem realmente foi o maior responsável, mesmo sem sequer ser mencionado o menino era uma felicidade só; vendo todos felizes

e não indo embora do sertão. Mas, agradecia todos os dias em suas orações àquela fadinha em forma de borboleta que foi

enviada por Deus atender seu pedido.