CONTATO EXTRATERRESTRE
Há anos me aventuro pelo mundo. Viajo constantemente, buscando refúgio da rotina. Desta vez, foi o estado do Rio que me abrigou. Fiquei alguns dias na capital, até que me decidi por um pouco de sossego e fui para Visconde de Mauá, uma região de paz e calmaria para aqueles que querem fugir da movimentação dos grandes centros.
Procurei por uma pousada assim que cheguei na pequena vila, tomei um banho e descansei da viagem. Ao anoitecer, procurei por algum restaurante.
Enquanto eu comia, na mesa ao lado, dois homens conversavam:
— Hoje faremos história — falou um dos homens.
— Seremos reconhecidos no mundo todo. — Deleitou-se o outro.
Ambos os homens estavam embriagados, duas garrafas vazias de vodca estavam sobre a mesa.
Eu, como amante das descobertas, decidi interferir na prosa dos homens:
— Com licença, não pude deixar de ouvi-los, o que farão vocês serem lembrados?
Os homens se entreolharam, receosos a princípio, mas a embriaguez logo os deixou relaxados para compartilhar seus planos.
— Como você se chama? — perguntou-me um dos homens.
— Roberto.
— Sou o José, e esse aqui é o Augusto. — Respondeu o homem que perguntou meu nome.
— Muito prazer! — eu disse cordialmente.
— Iremos te contar o resultado, mas ocultaremos a fórmula. — José fez um ar de mistério.
Eu aguardei pacientemente, apesar da curiosidade.
— Descobrimos como contatar os aliens. — Augusto disse num sussurro, pondo as mãos para cobrir a boca.
— Como descobriram isso? — interpelei.
— Não seja perguntador, meu caro. Eu disse que daria o resultado apenas. Contudo, como você me parece um bom homem, direi o nome do aparato: Rádio O.V.N.I.
Eu fiquei quieto por alguns segundos, não queria dizer-lhes que o nome do objeto era tão ridículo quanto a ideia de contatar seres que provavelmente não atenderiam ao chamado de dois beberrões.
Para não os deixar desconfortáveis, visto que a intromissão nos planos deles foi minha, eu indaguei:
— Como sabem que o mecanismo vai funcionar?
— Nós testamos, — disse Augusto. — Porém, por estarmos em um lugar baixo, não conseguimos ondas constantes, elas oscilaram muito.
— Iremos ao Pico das Agulhas Negras, e lá faremos o contato. — Complementou José.
— Acreditam que vai funcionar? — questionei.
— A fé é o instrumento dos desbravadores.
— Então, meus amigos, desejo-lhes sorte!
Voltei para minha refeição e não dei mais ouvidos aos homens na mesa ao lado. Assim que me senti saciado, voltei para a pousada, queria acordar cedo para aproveitar melhor o dia.
Já era de madrugada quando um forte estrondo acordou a todos da região, o barulho foi ensurdecedor. Entretanto, o estrondo nem foi a parte mais incrível. Um enorme triângulo de metal flutuava sobre o Pico das Agulhas Negras; o triângulo flutuante emitia luzes que clareavam todo o vale. O som do triângulo era semelhante a dez aviões com as turbinas ligadas. Foi algo realmente assustador.
E, de repente, sem deixar mais nenhum rastro, o triângulo flutuante desapareceu. Simples assim, em um momento ele estava lá e no outro não havia mais nada.
Quando me recobrei, lembrei dos dois homens do restaurante. Decidi que iria procurá-los assim que amanhecesse.
Quando o dia emitiu seus primeiros raios, voltei ao restaurante, que também servia café da manhã. Perguntei ao dono se ele se recordava dos homens que estavam tomando vodca na noite anterior. O dono disse que eles eram moradores da região, que ontem saíram do estabelecimento, dizendo que iriam ao Pico das Agulhas Negras.
Logo após sair do restaurante, peguei um carro e rumei para o monte. Demorou algum tempo para que alcançasse meu objetivo. Outras pessoas também foram ao lugar do ocorrido.
Já no cume, fiz uma varredura no local, tentando encontrar alguns vestígios, mas com tantas pessoas era possível que eu deixasse muita coisa passar despercebida. Procurei nos mínimos detalhes, na esperança de descobrir algo. Foi quando vi um pedaço de documento.
Era uma identidade, com a foto e o nome de Augusto, o mesmo homem da noite anterior. A identidade parecia ter sido queimada.
Um grito distante chamou a atenção dos que ali estavam. A pequena multidão cruzou a pastagem e chegou ao local de onde foi emitido o grito, todos nós olhamos assustados para dois esqueletos carbonizados, envolta dos ossos a pastagem queimada formava um triângulo.
Eu avistei um pequeno aparelho, parecido com um Walkie-talkie perto dos ossos, era a única coisa que não havia sido carbonizada.
A comoção foi grande, e o assunto virou notícia rapidamente. No mesmo dia em que os esqueletos foram encontrados, o exército veio e esvaziou a região.
Algum tempo depois, foi revelado que os esqueletos eram de José Aparecido Aguiar e Augusto Sanches Do Carmo. A versão oficial relatou que eles morreram devido à descarga que receberam de uma rede de energia de alta tensão que tinha nos arredores. Mas a verdade era que eles conseguiram contatar os aliens, pagaram um preço muito alto, mas conseguiram.