Caindo aos pedaços
Atenção, este conto apesar de ser fictício pode ferir a sensibilidade de alguns leitores.
O autor.
Jover era um adolescente pobre morador da periferia do município de Marajá do Sena no Maranhão, tinha dezessete anos e sua vida desde pequeno se resumia a fome e sofrimento, criado pela vó não conhecera seus pais e a essa altura já não se importava mais com isso.
Iniciava o ano de 1980 e o único pensamento do jovem era se livrar daquela situação, queria sair dali e já nao aguentava mais viver sem perspectivas.
Numa tarde de domingo decidira dar uma volta e sair do pequeno casebre, o sol era impiedoso e o calor abrasador, mergulhado em pensamentos obscuros Jover decidirá entrar numa área de terreno baldío, conhecia bem aquela região pois desde pequeno ia ali tentar matar alguns pombos e outros pequenos animais para matar a fome.
Adentrando numa área de mato mais denso ouviu vozes e o que pareciam ser gritos, enquanto isso a sirene de uma patrulha já se fazia ouvir por perto, alguém vinha na sua direção então escondeu- se e segundos depois três homens armados passaram correndo por ele tentando fugir da polícia.
Após troca de tiros todos acabaram sendo abatidos pelos policiais, Jover esperou por algum tempo todo aquele desfecho trágico, e avançou mato adentro, alguns minutos depois achou um homen amarrado numa árvore extremamente machucado porém ainda lúcido e pedindo ajuda.
O garoto se preparaba para soltar o homem quando percebeu uma mala perto dele, então num impulso curioso decidiu abri-la antes de solta-lo. Tomou uma surpresa quando viu que se tratava de uma mala cheia de dólares.
Jover tinha visto dólares apenas na tv mais sabia bem que estava diante duma enorme fortuna, seu coração palpitou desordenado pois sabia que aquilo podia ser a chance de se livrar daquela pobreza para sempre.
O homem percebendo a intenção do garoto pediu que o soltasse e poderia ficar com a metade do dinheiro, Jover pegou um pedaço de ferro que encontrara por perto e quando se dispunha a desferir um golpe fatal no indivíduo alguém o segurou .
A força daquele homem era incrível e seus olhos pretos como a noite penetraram na sua alma, depois de alguns segundos o homem falou que ele tinha liberdade para determinar seu destino, mais que sua decisão determinaria o rumo e o fim da sua vida.
O jovem estava impressionado com aquela situação e pergunto-lhe o nome, o homem dize apenas que era o homem do destino e que estava na hora de decidir o que fazer .
Assim que o homem do destino soltou seu braço Jover desferiu o golpe fatal, o ferro quebrou o cráneo da vítima fazendo o seu sangue espirrar instantaneamente e seus olhos saírem das órbitas, o homem do destino o segurou novamente dizendo que já não havia volta a traz e que quando a conta chegasse seria cruel que aproveitasse os poucos anos que teria antes do sofrimento.
Jover saiu em disparada pois sabia que tinha que ir embora pra longe dali e para sempre. Pegou alguns dólares e deixou na mesa para sua vó e fugiu sem se despedir, nunca mais a veria novamente.
Vinte anos se passaram e Jover tinha prosperado e se tornado um grande homem de negócios, astuto sempre levava vantagem nunca perdia e quando podia enganava e fazia negócios sempre para afundar alguém.
Nunca casara para não dividir nada, morava sozinho num casarão da grande São Paulo, e agora envelhecendo pensava que fim teria levado sua vó, como pôde tê-la deixado pra sempre naquele dia.
Um dia Jover teve um pequeno acidente com uma faca e cortará um dedo, apesar do corte não ser profundo ficou por muitos dias sem fechar e ia ficando cada vez pior, quando foi no médico descobriu que tinha diabetes tipo dois a pior, e o médico aconselhou que deveria amputar a mão inteira, não havia outra alternativa.
Após o incidente as coisas só pioraram e três anos depois Jover já tinha amputado as suas pernas além da mão direita, estava internado sofrendo dores terríveis, não queria mais viver.
Num desses dias Jover lembrara daquele homem e seus olhos pretos como a noite, suas palavras agora faziam sentido, finalmente chegará a hora, estava pagando a conta dos seus erros e agora queria apenas partir de uma vez por todas pois seu sofrimento era terrível.
Alguns dias depois quando amputaram seu último braço um médico especialista entrara no seu quarto, Jover estremeceu ao ver aqueles olhos novamente, Jover chorou copiosamente e com raiva perguntou o que mais ele queria porque não o levava de uma vez por todas, então o homem do destino com um sorriso quasse diabólico dize: antes tenho que arrancar seu último pedaço, a seguir enfiou a mão no peito de Jover e arrancou seu coração.