O Oráculo de M. Vicarie
Até hoje não se sabe a origem de M. Vicarie. Muitos dizem que o seu nascimento foi anunciado pelas corujas que se aglomeraram num monte, ao entardecer, fazendo muito barulho. Fato que causou muito estranhamento na vizinhança. Outros falam que ela, quando bebê, não chorava como se chora uma criança normal. E que seu choro lembrava muito o piar de um pássaro, ou seja: o “uuh... uuh” das corujas. Por conta disso, ela foi batizada logo, pois se temia que sofresse de mau agouro.
O tempo passou. M. Vicarie cresceu e desapareceu enquanto a vida seguia o seu curso de sempre. E há quem diga que ela tem o poder de se movimentar de um país para outro em questão de minutos, embora já tenha ultrapassado os cem anos de vida. Contam que, certo dia, ela foi vista no Monte Parnaso, na Grécia, e, minutos depois, estava a conversar com aborígenes, na Austrália. Mas, recentemente, um caval(h)eiro sul-americano trouxe notícias dela. Disse que a conheceu, por acaso, quando ele fazia cavalgada com a sua prima Verônica, na região dos pampas, entre Rio Grande do Sul e Uruguai.
O caval(h)eiro, aqui não identificado, guarda alguns segredos que não serão revelados, a pedido da Vicarie, nesse encontro, que se deu no final de 2021. Algumas coisas que essa mulher falou para ele, talvez mereçam um pouco de atenção. Segundo o caval(h)eiro, M. Vicarie já foi até confundida com um mágico conhecido por “Mr. M”, no Brasil. Mas afirma que ela não é ilusionista, nem bruxa; é apenas uma pessoa que segue a rota dos astros e que tem a natureza como sua aliada.
Quando M. Vicarie avistou o caval(h)eiro, com a sua prima Verônica, perguntou-lhe pela terceira pessoa, ao que ele respondeu: “Não sei de quem a senhora fala. Apenas parei aqui porque lhe vi sozinha”. E ela disse: “Vocês estão acompanhados. Certamente, ele não quis me visitar, mas eu o vejo daqui”. E naquele momento, o diálogo começou. Ambos desceram dos seus cavalos, a pedido dela, e passaram a ouvir o que ela tinha a dizer.
Sentada na relva, ela tirou algumas pedras da mochila, amarrada ao seu longo vestido amarelo, e foi logo dizendo:
– Vocês estão à procura de algo. As minhas pedras se movimentaram. E elas falam por mim. Elas vieram de dois Estados brasileiros onde já passei: Minas Gerais e Bahia. Vou lhes falar desta tríade: os anos 2020, 2021 e 2022. Por favor, visualizem bem estes números. E colocou as pedras no chão. O caval(h)eiro e a sua prima Verônica se entreolharam espantados, pois antes estavam a conversar sobre anos difíceis. Então, ela começou a sua leitura com o olhar fixo nas pedras ali espalhadas:
– Vejam 2020: 2+2 = 4 (quatro). Aqui estava crescente a figura de um quadrilátero, levando o mundo para cantos obscuros, fazendo comprimir a energia da Terra e a colocando num campo vibratório negativo. Isso forjou uma alteração no seu formato, trazendo consigo novas interpretações duvidosas. E isso não foi bom, pois é como se colocasse o planeta numa superfície plana, numa posição demasiadamente perigosa, inclusive aprisionando coisas maléficas como se fosse a caixa de Pandora.
2021: 2+2+1 = 5 (cinco). Aqui está a figura poderosa de um pentágono que, segundo as pedras, traz força e energia. E pode estar associada à estrela de cinco pontas, dentro dum círculo, representando os cinco elementos do universo: água, terra, fogo, ar e espírito. E aponta para uma breve transformação e movimentos bruscos. Vê-se dois momentos: um marcado por ruínas e o outro pela reconstrução. Os astros estão se movimentando na direção do bem, embora ainda encontrem muitos obstáculos para uma mudança promissora.
2022: 2+2+2 = 6 (seis). Este é o número do hexágono. Vocês têm ele nas mãos.
Foi quando o caval(h)eiro perguntou: “Como o temos nas mãos, se só temos cinco dedos?” Daí M. Vicarie, prontamente, respondeu: “Sim. Você só vê cinco dedos, porque não enxerga o dedo de Deus, que se encontra na abertura maior da sua mão, entre o polegar e o indicador”. Depois, ela pediu que eles se dessem as mãos. E como a terceira pessoa não estava ali, fisicamente, ela faria o papel dela. E assim os três ficaram de mãos dadas, girando por três minutos, obedecendo a rota do sol.
Ao final, ela fez uma pergunta:
– Que imagem nós três formamos ao dar as mãos?
– Um círculo – disse o caval(h)eiro.
– A figura de um hexágono – falou a Verônica.
M. Vicarie disse: “Perfeito”. E continuou:
– Saibam que, em 2022, o planeta Terra continua sofrendo e buscando novos ajustes, multiplicando e subtraindo; porém conta com a regência de Mercúrio que favorece a comunicação. E o número 22 (número mestre), segundo a numerologia, traz força e tem poder de mudanças significativas. A tendência é que a Terra acompanhe o formato da lua e que fluidos positivos possam circular melhor, deixando o mundo quadrático para trás.
Em seguida, M. Vicarie escreveu no chão: “Dia 6 de janeiro, com a Lua Nova em peixes, podem me anunciar! E dancem em círculo, por três dias, para Brighid, a deusa celta. Façam isso até às 15h11m, do dia 9, porque depois desse horário a lua mudará para a fase Crescente. E tudo vai depender do que cada um fizer com o dedo de Deus que existe em si”.
Depois disso, o caval(h)eiro e a Verônica se curvaram diante de M. Vicarie, em reverência. Ao erguerem suas cabeças tiveram seus cabelos despenteados por um vento muito forte. E já não se via mais ninguém por ali; somente a imagem de uma anciã, ao longe, carregando uma jaca no ombro esquerdo.
De repente, apareceu um letreiro no céu onde se lia ATLÂNTIDA, que logo se apagou...