O Vale das Sombras
Há muito ergueu-se um palácio num vale de vento, frio e sombra.
As portas deste tal palácio arcaico são de ferro corroído e sujo, de poeira cheias, onde jamais tocara as mãos alguém.
Cabe-lhe o jardim que tem, florido este jardim de morte, por árvores chorosas consumido,
Lugar maldito, onde jamais ousara o sol se erguer; lugar onde a esperança, falecida jaz sepultada há tempos.
Vê-se nas estátuas um mórbido sorriso,
Trejeitos perversos em rostos incisos, que riem e olham sem cessar.
Palácio este triste. Vive-se ali apenas na penumbra, pois um vislumbre, certa vez, de fogo viera um dos quartos destruir,
O fogo ali vieram malévolos banir,
Palácio malfadado, perverso, solitude de alma morta tal, de tal anjo negro, cavaleiro dos abismos,
Abismos de sonhos imortais horrendos,
Cavaleiros sem desejos, vida ou liberdade,
Pertencente a tal perpétuo palácio.
"Oh! Quando acaba-se a dor na eternidade?"