O HOMEM DE PRETO

 

Na delegacia, um homem todo sujo, e com os pulsos machucados, chegou correndo,  desesperado, procurando por ajuda. Como começou a se alterar, alguns policiais o levaram a um canto para saber o que se passava. O homem, após sentar-se, falou:

– Meu nome é Ross, e, o que venho a dizer, é de extrema importância.

– Pare de delongas e comece logo a dizer o que sabe! – disse um policial

– Tudo bem! Assim que os Smith foram embora, o homem de preto mudou-se para o local. Ninguém o enxergava andando no pátio. Trabalhava em casa e parecia ser altamente antissocial.

–  Eu sei o que ele é e o que fez com os Smith!

O delegado, percebendo a exaltação de um homem, que logo reconheceu como Ross, seu parceiro de pesca, procurou inteirar-se do que estava acontecendo:

–  Que baderna é essa, Ross? Qual o motivo do escândalo?

– Desculpe, delegado! Estou falando sobre aquele homem que chegou a nossa cidade. Eu queria fazer uma denúncia!

– Ótimo! Vá logo! Também quero saber o que há de tão suspeito com esse cara!

– Como eu ia dizendo, estava realizando meus afazeres, enquanto a minha mulher estava com meus filhos na casa da minha sogra; foi aí que ele bateu à minha porta.

– Que estranho!?... Os boatos são que ele só vive isolado. Que horas eram? – indagou o  delegado.

– Eram mais ou menos 16h30min! Estava para escurecer. Ele disse que em sua casa havia um cano furado. Como eu já havia sido encanador por algum tempo, ofereci-me para ajudar.

E completou:

– Tão logo entrei em sua casa, senti um cheiro estranho e, depois de um alguns minutos, lá, um pano encardido foi colocado no meu rosto. A partir desse momento, não me lembro de mais nada. Acho que ele me apagou com clorofórmio.

– Continue! O que aconteceu? – perguntaram os policiais, sobretudo o delegado.

– Acordei, depois, com as mãos amarradas a um cano de ferro na parede. O homem estava com um avental branco sujo de sangue e um cutelo na mão. Quando abriu a geladeira, vi que nela havia vários pedaços de carne, e, ao observar com mais atenção, percebi uma cabeça, a da Sra. Smith! Desesperado, perguntei-lhe o que ele queria e o que havia feito com a família Smith. Ele me olhou, bastante pálido e, de maneira muito fria, respondeu: 

– Pois é! Eles não queriam me vender a casa, e, como na cidade de onde vim, não aceitam antropofagia, usei-os para uma causa pessoal, assim como você servirá, para matar a minha fome.