ACAMPAMENTO
Quando eu tinha doze anos, meus pais tiveram a ideia de acampar no interior do Rio Grande do Sul. Convidaram meus tios, primos e avós, todos aceitaram. Para minha surpresa, minha mãe disse que eu poderia convidar uma amiga. Falei com a Mia; empolgada, aceitou logo de cara.
No meio do outono, lá estávamos a caminho do acampamento. Chegamos em torno das 14 horas. Havia muitas folhas no chão, como o esperado para a estação. Tiramo-las para deixar as barracas niveladas de forma plana. Não enfrentamos dificuldades para montá-las. Meu pai fez uma fogueira para entrarmos no clima de férias de filmes. Pelas 23 horas, fomos deitar. Eu estava dividindo a cabana com a Mia.
Uma hora depois de nos deitarmos, Mia e eu não parávamos de falar, quando de repente, ouvimos um som muito forte. Parecia um rugido, um som bastante estranho, semelhante ao de um animal selvagem. Logo, em sequência, outro e mais outro. O barulho não parava. Assustada, chamei minha mãe, a qual pediu para nos juntarmos a eles; O barulho não parava, mas, com a sensação de proteção causada pela presença de meus pais, conseguimos dormir.
Acordamos cedo. Mia e eu estávamos aflitas. Sentíamo-nos desprotegidas e confusas. O barulho só ocorreu à noite. No momento, a única coisa que ouvíamos, eram os ruídos da cachoeira; um som relaxante. Os adultos perceberam que o medo estava tomando conta de nós. Qualquer barulho, uma de nós soltava um grito de susto. Perguntaram-nos o que nos deixava tão tensas. Explicamos que parecia haver um tigre no mato. Meu tio ligou os pontos e falou que sabia de onde vinha o ruído\; no entanto, não nos contou, de jeito nenhum, o que causava esse som assustador. Esperou todos deitarem e chamou-nos para irmos à barraca onde estavam meus primos dormindo, momento em que nos demos conta que o barulho, nada mais era, que o ronco de um deles. Tudo fez sentido e, nós nos sentimos duas burrinhas. Hoje, ao nos reencontramos, rimos das nossas caras.