Uma Noite Em Céu de Setembro
UMA NOITE EM CÉU DE SETEMBRO
Do outro lado da rodovia ainda exalava um cheiro de feno cortado, tão comum naquela época do ano. A tarde já ia caindo, deixando ver os últimos raios de sol banhando plantações de trigo. No cercado do sítio as vacas e bois ruminando, observavam os bezerros menores que se atropelavam entre as patas das vacas, com pressa de embrenharem-se entre as tetas túrgidas de leite. A bezerra holandesa, Setembrina” de dois anos emprenhara de Barroso. Faltavam dois meses para que seu bezerro nascesse. Jacinto o filho único do casal não cabia em si de contentamento pela sua vaquinha prenha que ganhara dos seus pais no seu aniversário.
Aquela noite enluarada, céu coberto de estrelas, depois do jantar ouviram um rugido que vinha do alto, como se fosse uma grande ventania a rodear o enorme casarão. As galinhas empoleiradas no galinheiro cacarejavam que dava gosto! Jacinto sobressaltado falou para a mãe:
-Mamãe! É raposa no galinheiro! Assustados, trataram de dar uma olhada lá fora, não viram nada de estranho, o céu continuava estrelado. Mas repentinamente o casal logo ouviu novamente a ventania assustadora que fazia com que o telhado da casa estalasse em consequência do fenômeno. Apavorados dirigiram-se para o interior da casa, de lá veriam uma boa parte da propriedade. Jacinto com os olhos esbugalhados pelo medo, não conseguia dar um passo, mesmo sob o comando do seu pai: -Corre Jacinto, feche as janelas do sótão!- Eu e sua mãe vamos fechar tudo aqui em baixo, pelo jeito vem um grande temporal por aí!!Jacinto já no sótão escutou nervoso, o mugir de sua vaquinha, sondou a portinhola da pequena janela e vislumbrou acima da casa a nuvem estranha, acinzentada que flutuava espalhando imensos fachos de luz. A casa toda trepidava com a força do vento;- Papai! Mamãe! Vejam rápido, vejam lá em cima no céu! Jacinto ouvia as próprias batidas de seu coração que parecia lhe saltar pela boca. Desceu correndo a escada, apavorado olhou pela fresta da porta mas agora lá fora uma grande paz reinava. Os animais não mais se agitavam. O céu cheio de estrelas! O menino correu preocupado para o local onde costumava ficar a sua vaquinha Setembrina. Estranhou... pois ali agora havia somente as palhas revoltas que forravam o leito:- Onde está Setembrina, Papai! Não sabemos, meu filho! - Ela desapareceu! Procuraram com afinco até a plantação de trigo. Caminharam mais uns quinhentos metros e estranharam as marcas feitas no chão. O que seriam elas? Dois anéis, um medindo em torno de 50 metros de diâmetro, o outro bem maior sobreposto em cima do primeiro. Ao centro da junção uma pequena circunferência. Ao lado do anel maior, mais quatro círculos que iniciavam justapostos, do maior para o menor de maneira simétrica e de mediana complexidade fixadas nas dobras da plantação do cereal queimado não deixavam dúvidas de que algo vindo do alto, tinha provocado o fenômeno. .Era uma quarta feira do dia vinte e oito de setembro, do ano de dois mil e dezesseis. A notícia se espalhava rápido, repórteres especuladores sobre aparecimentos de agroglifos perguntavam-se;- Estamos sendo invadidos por extraterrestres?- Serão os mesmos que já registraram sua presença em outubro de dois mil e quatorze no oeste de Santa Catarina? -O que isto significa exatamente! -Será este fenômeno um aviso? Uma ameaça? Ou um pedido de ajuda de extraterrenos? Fotos se multiplicaram através de redes sociais, ficando muitas perguntas sem respostas. Jacinto a choramingar pelos cantos, ainda com esperança de ver a sua preciosa Setembrina, seus amigos lhe consolavam :-Não chore Jacinto! Pode ser que sua vaquinha tenha sido roubada por assaltantes de sítios e fazendas, tão comum hoje em dia! Outros cochichavam que extraterrenos roubaram sua vaquinha. Mas Jacinto não sabia ainda o que seria pior. Se o destino de Setembrina que fora realmente viajar pela galáxia, abduzida pelos ETÊs para seus experimentos científicos, ou teria ela um pior destino, provocado por um guloso açougueiro.
E você leitor, saberia dizer o que realmente aconteceu naquela noite de Setembro?