Mergulho nas trevas

O professor Argiris Vasselis entrou no apinhado centro de controle do "USS Catshark", vindo do alojamento dos oficiais, onde havia sido abrigado. Fora atraído pelo fato de que os motores do submarino haviam sido desligados, após uma rápida submersão. Luzes vermelhas tornavam o compartimento, atravancado de tubos que percorriam teto e paredes, ainda mais opressivo. Vasselis parou ao lado do capitão Fletcher, e indagou em voz baixa:

- Fomos seguidos?

- Fomos vistos - sussurrou o comandante, relanceando para o painel conhecido como "árvore de Natal", um conjunto de lâmpadas que indicavam o estado de cada um dos respiradouros no casco da embarcação. Apenas quando todas as lâmpadas estavam verdes, como naquele momento, o submarino encontrava-se em condições de submergir.

- Não é seguro permanecer aqui - declarou Vasselis.

- Não temos muitas opções - redarguiu o capitão. - Vamos ficar atentos ao hidrofone, verificar se algum barco inimigo se aproxima.

- Não é disso que estou falando, capitão - disse Vasselis, cochichando no ouvido de Fletcher. - Essas águas profundas próximas a Corfu, registraram uma série de incidentes misteriosos desde que submarinos começaram a cruzar a área, vinte anos atrás. Eu não recomendaria permanecer aqui por muito tempo.

- O que acha que pode estar acontecendo? - Questionou Fletcher, testa franzida.

Vasselis ia responder quando o operador do hidrofone ergueu a mão para chamar a atenção.

- Capitão... - sussurrou. - Estou captando um motor na superfície.

- Diesel? - Indagou Fletcher.

- Turbina a vapor, eu diria; acho que temos o "Hermes" acima de nós.

O capitão virou-se para Vasselis e explicou:

- É um destróier grego que foi capturado pelos alemães e agora patrulha o Mediterrâneo. Sabíamos que estaria navegando em algum lugar do mar Jônico por estes dias, mas não achei que estivesse tão perto...

E para o tenente Weaver:

- Qual a profundidade registrada nesta área?

- O fatômetro registrou 3200 pés, capitão - informou o imediato.

- Vamos baixar para 400 pés - deliberou o capitão.

Weaver voltou-se para o operador dos hidroplanos e deu a ordem:

- Cinco graus de mergulho nos hidroplanos de popa.

- Cinco graus nos hidroplanos de popa, senhor - confirmou o operador.

- Bombear para o lastro frontal.

- Bombeando para o lastro frontal, senhor - confirmou o operador de lastro.

- Estabilizar em 400 pés - concluiu Weaver.

- Preparando para estabilizar em 400 pés - afirmou o operador de lastro.

O "USS Catshark" embicou nas águas escuras e frias do mar Jônico, tentando colocar a maior distância possível entre seu casco e as cargas de profundidade que o destróier que circulava acima dele poderia vir a lançar.

[Continua]

- [04-08-2021]