UM ENCONTRO ESTRANHO

Não sou dada a escrever contos, mas como obedeço ao que a "inspiração" sopra, esta escrita veio assim, num conto ou quase um. Eu apenas escrevi o que foi chegando. (K.S.)

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Então, gostaria de dizer algo à você que não começasse com o costumeiro "me desculpe". Contudo, sinto que o material que encontro por aqui, não possui outro recurso, mas saiba que estas palavras são apenas força de expressão, como que pedindo licença para adentrar ao seu espaço. Mas, desculpar-me, não há nada que você possa fazer quanto a isso porque não é um pecado o meu ato, nem mesmo é ruim, abusivo ou agressivo à você. É somente olhar, ver e saber, o que pretendo. Esse é o movimento que me cabe. E quem sabe em outro momento, eu possa falar do que estes olhos se põe, tão de perto, a enxergar.

Passei por algum tempo dormindo ou desacordado, mas agora que despertei, vejo.

Estive às voltas com curiosidades próprias dos meninos que exploram a vida pela primeira vez. E cansado de tanto andar por aí a desbravar o mundo, pus-me em descanso em algumas estalagens que me apresentaram. E mesmo lá, inquieto que sou, fiz meu trabalho de reconhecimento e contei para alguns passantes, o que vi. Contudo nesse agora, me colocaram em um espaço diferente, como se tivesse que ver algo que é muito especial e então, quando estava já descansado de minhas andanças, eu vi.

Vi você ali, sentada junto ao batente da porta, um tanto quanto assustada porque não havia olhos sobre você, já há algum tempo. E olhei bem direto em seu rosto e me sobreveio cada detalhe do teu corpo, como numa miragem. Pele morena, curvas para lá de formosas, cabelos negros e volumosos. E não sei porque você brilha, mas é um brilho azulado que de certa forma não reluz, mas é brilho.

E quando diante de ti, agachado, pude então, reparar que teus olhos não exprimiam o que teu corpo me dizia. Eles denunciaram o que de fato ocorria em você. Seus olhos são de vileza. Sim, uma maldade intrínseca e estranha, como se estivesse planejando algo, um mistério atrevido e sedutor a me dizer para não me aproximar demais. Mas, não tive medo e permaneci ali calado, olhos firmes para os teus, nem tão desconfiados, assim.

E ambos, eu e você, parados um olhando para o outro sem perceber que a certa distância, outros olhos nos viam, nos vigiavam ou nos reconheciam. E talvez à nós, exclamava: "que casal mais estranho! Nada familiar, mas tão peculiar! Aquele que se aproxima atrevido, como se invadindo o espaço da moça e esta assustada, com real intenção de ataque ou mesmo, pronta para a devida proteção caso, deste, viesse qualquer invasão!"

Pois é, vendo e lendo isso, eu lhe pediria desculpas. Mas, não fui eu que quis estar ali, me colocaram, me enviaram até você. E então, só realizo aquilo que me cabe. E o que me cabe, é ver e revelar ou denunciar aquilo que vejo. E vejo sua vileza, vejo teu ar ambíguo e aparentemente submisso, mas pronta para dar o bote caso isso lhe convenha. Vejo teu ardil intento de aproveitar o momento diante dos meus olhos e se mostrar em suas formas sedutoras, me atrair e me colocar como teu refém, vejo tuas vestes espalhadas logo ali ao lado, em diversas cores a mostrar do que posso esperar de ti. É, eu vejo e dessa vez, vejo com olhos diretos, não mais através de outros, são os meus mesmo. E confesso que me alegro em vê-la. Vejo em sua nudez, a coragem de quem não teme estar nua, mas também vejo o temor de violação, pois pode ser mal compreendida e acho que é isso que seu brilho opaco, revela. Este brilho tão enigmático talvez, também me diga que é aqui mesmo seu lugar e não outro e muitos talvez, queiram te arrastar devido a sua formosura. Seduzidos por seus mistérios espalhados, por seu corpo à mostra, isto pode esconder seus olhos maldosos. Há todas as más intenções neles escondidas. É, mas eu vejo.

Entendo agora que você é um misto de temor e bravura e é isto que te põe assim, diante de mim, nua. E nesse agora, nasce em mim um interesse, saber mesmo e com detalhes destas tuas roupas, largadas ali, num canto. Contudo, é como um convite aos meus olhos inquietos. Mas, eis que há também uma voz que me alerta para o teu ardil e seus convites, nada comuns. Por isso, me resguardo e apenas me deixo em ti pousar e quem sabe ouvir, de algum lugar, qual será meu próximo passo a te revelar. Mas, não temas, afinal, esse encontro, parece que foi premeditado e estamos sob a vigilância daqueles olhos ali, a certa distância. Não, não vou te ferir, apenas quero saber-te e sei que você agora, está nua e eu, eu vejo, você.

Por enquanto, só posso dizer que te vejo e te desvelo, desvendando a cada traço que você à mim, vai se desenhando. Sim, você me autorizou e sim, você se mostrou e eu, eu quis ver. Por isso, nesse agora, nós, nos encontramos!

🌹Kátia de Souza - 27/06/2021___✍

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