Um caso estranho
Era sempre assim. Toda vez que marcava com sua filha e genro, os dois se atrasavam por horas.
Já estava arrependida de ter marcado aquele encontro de domingo na Paulista. Ainda mais que o céu de repente pintou-se de um escuro azulado muito diferente, nunca visto antes.
Não fosse só isso as pessoas pareciam alheias, como estátuas, deslizavam absortas como um slow motion.
E para completar o celular estava mais uma vez fora de área. Isso sempre acontecia, as conversas no zapp ficavam sem respostas. Em total silêncio.
Ai Laura resolveu dar um tempo, mesmo sem saber o que sentia, esperou. Até que sua paciência se esgotou.
Eles estavam procurando onde estacionar, contudo começou a chover, não o dilúvio anunciado pelas ameaçadoras nuvens que se formaram. Todavia, agora, chovia grosso.
Então Laura, perdeu a paciência e quando se dispôs a alcançar a outra calçada ouviu alguém resmungar ao seu lado.
Era sua filha, levemente molhada, saída do nada.
Decidiram-se, então, por um lanche ali perto numa galeria, esperando a chuva passar.
No início da semana seguinte sua prima veio visitá-la e quando Laura lhe disse que a filha estava bem e narrou o último encontro, ela estranhou.
Afinal, ninguém havia dito à Laura sobre o acidente fatal, que a filha sofreu com o marido alguns dias atrás?