OBSECADA POR TER FILHOS
Em 1880, quando o mundo era menos habitado, existia as obsessões e uma guria moradora, num lugar habitado por aldeões, perdeu seus pais, ainda criança, foi criada com seus dois irmãos até chegar à idade adulta. Foi morar sozinha numa casa afastada da pequena aldeia e se sustentava fazendo lidas nas lavouras – no seu emprego um guri que estava na idade de namorar e ambos desenvolveram um relacionamento amoroso, mas nunca o levava a sua casa... ela afirmava para suas amigas que teriam relacionamentos sexuais no mato que era muito vasto naquela época... a guria sempre falava aos seus amigos e ao namorado sobre o grande desejo e até uma obsessão por ter filhos. Passando algum tempo a guria falou para os aldeões do seu primeiro filho e que estava muito feliz. E no ano seguinte trouxe a notícia do seu segundo filho e ampliou a sua felicidade, pois estava concretizando o seu sonho de ter filhos - as vezes deixava de cumprir suas obrigações nas lavouras, até que as suas faltas aumentaram e as vezes ela falava que estava doente, mas nunca levou os amigos aldeões para visitar seus filhos. Uns três anos se passaram até que um dia a guria deixou de comparecer aos seus compromissos e os aldeões que sentiram sua falta, resolveram ir até a distante casa onde a guria morava... bateram na porta, mas não foram atendidos, notaram que havia cães, no seu interior latindo sem parar como se fosse algum aviso, mas não pareciam bravos - os aldeões resolveram empurrar a porta que abriu facilmente e adentraram ao recinto e viram uma cena apavorante, a guria morta estendida na cama e os dois cachorros ao lado. Mas os dois filhos? Perguntou um dos aldeões, deveriam estar dentro de casa, pois estariam com uns três anos! Procuram sem sucesso na pequena casa. Saíram para rua, gritaram pelos meninos foram até o mato e nem sinal das crianças, chegando à conclusão que a guria não tinha filhos, seria uma obsessão que para ela se tornou realidade, na sua mente? Os dois cachorros que não saíram do lado da cama, pareciam que estavam chorando pela falta da sua mãe... ali morta. Neri Satter – março/2021