O pirilampo
Era um fim de semana do ano de 1968, no lugar Vale do Linho, numa das encostas da serra de Monchique. José Maurício tinha vindo para casa depois de ter durante a semana, que terminara, estado a vender os seus produtos agrícolas, no mercado municipal de Portimão. Era já hábito passar a semana em Portimão e voltar só para casa no fim de semana. Ia nos primeiros dias da semana e regressava nos últimos.
Josefina, sua mulher ficava com os quatro filhos em casa. Era ela que tratava dos animais, na ausência do marido. Josefina era mulher nova e muito trabalhadora. Por isso dava-lhes muita atenção. Numa certa semana, depois de o marido ter ido para Portimão, aconteceu algo inesperado. Durante toda a noite aparecia no outro lado da serra, uma luz pequena mas intensa, que era visível na casa de Josefina. Os miúdos ficaram assustados e a mãe também. Foi então que esta senhora se lembrou de ir falar com os vizinhos mais próximos, a lhes contar o sucedido. Mas estes ainda a assustaram mais. Uns diziam " É uma estrela que caiu" ; Outros diziam " É uma alma que anda perdida"; Alguns diziam " é um ladrão que quer roubar e anda a espiar". A pobre criatura já não sabia o que fazer para acalmar as crianças e a ela própria.
Veio o dia em que José Maurício voltou. Então falou com seu marido:
- Vê se fazes alguma coisa, para se saber o que é aquilo!
- Aquilo não é nada!
- Como não é nada!?
- Alguma coisa há de ser!
Tanto Josefina como as crianças apoquentaram o pobre homem, que nessa noite ele decidiu, ir junto da misteriosa luz. Mas não foi desarmado, levou consigo uma forquilha, para matar o "susto" misterioso. Os dois rapazes mais velhos foram com o pai. Quando lá chegaram, para espanto deles descobriram, que o terrível "medo" não era outra coisa senão um pirilampo. Regressaram para casa com o pirilampo na mão. Os rapazes estavam muito felizes e nunca se esqueceram daquela vez, em que o pai foi matar um pirilampo, com uma forquilha.