O GAROTO TEDIOSO
A morte e a vida se apaixonaram por um garoto.
Ele não era bonito mas nem de longe horroroso
Nascera um bebê que a vida amou
Nascera um bebê que a morte se encantou
Ambas brigaram e brigaram
Na dúvida de deixar o garoto com a vida ou com a morte ao lado
Esperaram
O garoto crescer e escolher um destino
A morte irritada deixou com vida o menino
"Um dia ele será meu, ele tem validade desde o dia que na terra nasceu"
A vida então aos poucos lhe guardou
Enquanto a outra por anos que passavam como infinitos esperou
O menino
Não era alegre nem melancólico
Irritado ou nostálgico
Ao contrário, vivia no tédio
Era comum e ao mesmo tempo banhado em mistério
Nada o surpreendia
Nada o aflingia
Parecia que só vivia como a vida queria
Dia após dia
A morte achou que ali havia uma oportunidade
O atacou com tudo que podia desde crises à ansiedade
Era assim que demonstrava que gostava dele de verdade
Ansiava pelo beijo que faria ele dela e mataria aquela vaidade
A vida era cheia de expressividade
Tentava lhe mostrar coisas belas, desde campos à cidades
Poesias à formosas artes
Parecia sementes inférteis jogadas em um campo estéril
O garoto as intrigava
Não tinha um lado
Não lutava por uma causa
Não vestia nenhuma farda
Então o abandonaram
A vida bela por enquanto murchou
É a boca aflita da morte secou
O que restou para ambas era aguardar
O garoto tedioso esquentar ou esfriar...