O GAROTO TEDIOSO

A morte e a vida se apaixonaram por um garoto.

Ele não era bonito mas nem de longe horroroso

Nascera um bebê que a vida amou

Nascera um bebê que a morte se encantou

Ambas brigaram e brigaram

Na dúvida de deixar o garoto com a vida ou com a morte ao lado

Esperaram

O garoto crescer e escolher um destino

A morte irritada deixou com vida o menino

"Um dia ele será meu, ele tem validade desde o dia que na terra nasceu"

A vida então aos poucos lhe guardou

Enquanto a outra por anos que passavam como infinitos esperou

O menino

Não era alegre nem melancólico

Irritado ou nostálgico

Ao contrário, vivia no tédio

Era comum e ao mesmo tempo banhado em mistério

Nada o surpreendia

Nada o aflingia

Parecia que só vivia como a vida queria

Dia após dia

A morte achou que ali havia uma oportunidade

O atacou com tudo que podia desde crises à ansiedade

Era assim que demonstrava que gostava dele de verdade

Ansiava pelo beijo que faria ele dela e mataria aquela vaidade

A vida era cheia de expressividade

Tentava lhe mostrar coisas belas, desde campos à cidades

Poesias à formosas artes

Parecia sementes inférteis jogadas em um campo estéril

O garoto as intrigava

Não tinha um lado

Não lutava por uma causa

Não vestia nenhuma farda

Então o abandonaram

A vida bela por enquanto murchou

É a boca aflita da morte secou

O que restou para ambas era aguardar

O garoto tedioso esquentar ou esfriar...

Ester de Souza
Enviado por Ester de Souza em 19/04/2020
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